Londrinenses vítimas de feminícidio queriam o fim do relacionamento

Estudo realizado pelo Néias, mostrou que crimes são motivados, principalmente, pela separação ou recusa em reatar o relacionamento.

Imagem: Reprodução

As mulheres de Londrina que sofrem feminicídio tentado ou consumado em geral são atacadas porque estavam tentando se separar ou porque se recusaram a reatar um relacionamento íntimo com seus companheiros. Entre os 11 casos analisados, em seis deles as mulheres foram atacadas em sua própria casa e em quatro deles em via pública. Em um caso, o crime aconteceu no local de trabalho da vítima.

É o que aponta o primeiro levantamento do Néias (Observatório de Feminicídios de Londrina), com base em 11 processos julgados no Tribunal do Júri do município em 2021. São casos de acesso público, cujas informações foram obtidas exclusivamente nos processos. O estudo foi elaborado por Silvana Mariano, integrante do Observatório.

Para alertar e sensibilizar a sociedade sobre os alarmantes números da violência de gênero na cidade, Néias se une à Frente Feminista de Londrina, no dia 8 de março, em uma vigília ativa no Calçadão, a partir das 16 horas, seguida por cortejo em direção à Concha Acústica (por volta das 19h30). Toda a comunidade está convidada a participar do evento que recebeu o nome “8M Londrina 2022: Mulheres do fim do mundo”.

Números da violência contra a mulher

Entre os 11 casos considerados no estudo de Néias, quatro foram acusações de feminicídio consumado, cinco de feminicídio tentado e dois de homicídio qualificado (outro), por se tratar de crime anterior à lei do feminicídio, de 2015. Todas as mulheres viveram relacionamentos íntimos com os acusados em períodos anteriores ao fato e o tempo da união entre eles variou de 15 dias a 25 anos. Em três casos essa informação não foi localizada. A idade delas variou entre 21 e 53 anos. A idade dos réus variou entre 19 e 53 anos. A pena variou da absolvição (um caso) a 33 anos e 4 meses. Dois casos foram desclassificados para lesão corporal e por isso receberam penas menores.

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Entre as 11 acusações, seis vítimas se encontravam separadas do réu e, das cinco não separadas, duas delas tentavam se separar. Constatou-se ainda que, do universo das onze mulheres, três delas contavam com Medida Protetiva de Urgência (MPU) em vigor por ocasião do crime. Entre as que não tinham o benefício, está Sandra Mara Curti, que requereu a MPU, teve o pedido indeferido e acabou morta.

De acordo com os dados, a motivação para o feminicídio (tentado ou consumado) foi classificada a partir da acusação do Ministério Público e pode envolver mais de uma motivação na mesma acusação. Em mais de 70% dos casos, a separação, por iniciativa da mulher, esteve entre as motivações. Em aproximadamente um terço dos casos, o ciúme esteve entre as motivações.

O tempo transcorrido entre a data do feminicídio e o julgamento no Tribunal do Júri variou entre 13 e 80 meses.

Redação Tem com Assessoria



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