Mudaram as estações…

Texto do jornalista Fábio Silveira.

Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Janeiro começou com clima ameno de primavera, teve verão com sol escaldante na semana passada e chega ao fim com temperatura de outono.

No Brasil se convencionou que o ano só “começa” depois do Carnaval. Para quem trabalha em redação, o mês de janeiro costuma ser um pesadelo: parte da equipe em férias, pautas fracas e aquele medo de “faltar notícia” para fechar as edições — que acabam recheadas com as “fuleragens”. Mas não em 2023. Nestes primeiros 30 dias do ano, teve notícia de sobra.

Tivemos posse de novo governo; golpe de Estado frustrado; esvaziamento dos acampamentos fascistas que pediram golpe de Estado na frente dos quartéis; intervenção federal… em Brasília; prisão do ex-ministro da Justiça do (des)governo do genocida; minuta do golpe pega na casa do ex-ministro da Justiça do genocida; fascistas presos pelo golpe de Estado frustrado defendendo direitos humanos; silêncio do genocida; queda do comandante do Exército; golpe bilionário (20 bilhões) dos bilionários na loja de departamento (e a Faria Lima fingindo que não era com ela); cartão corporativo pondo o genocida a nu; erro bilionário do Banco Central independente (de quem?) para maquiar as contas da caquistocracia do (des)genocida; a esposa do genocida voltando escondida para o Brasil, deixando o genocida sozinho nos ‘estates’; Lula chamando o golpista Temer de golpista; os jornalões fazendo editoriais defendendo o golpista Temer, cuja popularidade em certas redações é inversamente proporcional à popularidade do golpista Temer na sociedade; ninguém dando bola para os editoriais dos jornalões defendendo o golpista Temer (exceto os jornalistas que parecem ser os principais leitores de editoriais atualmente); genocídio contra os yanomamis, escrachando o caráter criminoso do governo verde-oliva derrotado nas urnas. E devo ter esquecido de algumas (muitas) coisas.

Enfim, foram 30 dias que parecem 30 meses. Talvez por isso eu não tenha nem ligado muito para um janeiro que teve dias de temperatura amena de primavera, outros com calor insuportável do solstício e chuva e frescor com cara de equinócio. Feliz Ano Novo!!!

Fábio Silveira

Doutor em Comunicação pela FAAC/Unesp e mestre em Ciências Sociais pela UEL. Atualmente é professor do Departamento de Comunicação da UEL.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Tem Londrina.