Mercados não dispensam idosos e doentes crônicos em Londrina
A quarentena estipulada pela Prefeitura de Londrina e anunciada pelo prefeito Marcelo Belinati (PP) nesta sexta-feira (19), sugeriu que os serviços essenciais que continuarem operando no estado, deveriam dispensar os trabalhadores com idades acima de 60 anos e funcionários que possuam algum tipo de doença crônica. Apesar da recomendação informal, não há uma determinação para que sejam liberados. Segundo dados do Ministério da Saúde, este público será o mais afetado pelo contágio do coronavírus.
Na contramão das recomendações, a reportagem do TEM recebeu denúncias e confirmou as informações de que várias redes de supermercados da cidade estariam mantendo os trabalhadores do grupo de risco trabalhando. Entre as denúncias mais graves, está a de que colaboradores atuam sem qualquer tipo de proteção contra a disseminação do vírus.
Entre as denúncias confirmadas, está um idoso de 68 anos, que pediu para não ser identificado. Ele trabalha em uma rede de supermercados localizada na área central da cidade e além da idade, tem pressão alta e diabetes, no entanto, a gerência do estabelecimento decidiu que ele não será dispensado. “Procurei o gerente e contei sobre minha situação. Na verdade eles sabem, mas me disseram que não podem fazer nada, pois afirmaram que não havia recomendações do governo sobre a dispensa”, disse o trabalhador.
A filha do colaborador afirma que pretende entrar na Justiça, para garantir que o pai fique em casa. “Onde está o Ministério Público, meu Deus. Meu pai é senhor de idade, do grau de risco. Estamos desesperados em casa”, desabafa.
Nesta sexta-feira (20), os mercados da cidade se encontram com um fluxo intenso de consumidores.
A equipe de reportagem do TEM fiscalizou várias empresas e encontrou funcionários que deveriam ser liberados atuando sem nenhuma proteção, em supermercados de todas as regiões da cidade.
Outros dois casos graves, foram localizados em estabelecimentos situados na região leste e oeste de Londrina. Um mercado próximo à Avenida Tiradentes e outro, próximo à Avenida São João. Uma funcionária com doença crônica respiratória, que está entre o principal grupo de risco, foi encontrada trabalhando por não conseguir sua liberação. “Eu expliquei sobre minha doença, mas eles não ligaram muito”, disse a mulher.
O que é preciso fazer?
A advogada Jéssica Hannes, ouvida pela reportagem, explica que os funcionários pertencentes ao grupo de risco da doença e que ainda não foram liberados pelos patrões, precisam imediatamente de um laudo médico para serem dispensados das funções de forma judicial. “O cidadão precisa de um relatório médico, ou de laudos que comprovem sua situação. Tendo isso em mãos, deve procurar assistência jurídica do Ministério Público do Trabalho (MPT) ou um advogado de sua preferência”, diz a especialista.
“O que não pode acontecer é ele continuar trabalhando. Ele é um risco para ele mesmo e para as outras pessoas. As empresas precisam ter o mínimo de responsabilidade e dispensar estes colaboradores”, explica a advogada.
Liminar
A reportagem aconselhou todos os entrevistados a procurarem assistência jurídica de forma imediata. Ainda, segundo a especialista, uma medida liminar da Justiça pode ser a última solução para o problema, mas é necessário que os empregadores tenham bom senso.
“A Justiça poderá entrar com um pedido liminar para efetivar a dispensa deste colaborador que não deveria estar trabalhando e colocando em risco a própria vida”, indica.
Denuncie!
Caso você seja ou encontre algum trabalhador nestas mesmas circunstâncias, denuncie, o momento em que vivemos é muito grave. Mande mensagem no TemWhats (43) 9 8415-8484.
Redação Tem