Sergio Moro presta depoimento à PF sobre acusações contra Bolsonaro
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro começou, por volta das 14h20 deste sábado (02), a prestar depoimento em Curitiba, no inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro cometeu crimes por interferência na Polícia Federal.
Acompanhado por um advogado, Moro chegou em um carro oficial da corporação, por volta das 13h15, à sede da Superintendência da Polícia Federal na capital do Paraná.
O depoimento é conduzido pelo delegado federal Igor Romário de Paula, da Dicor (Diretoria de Investigação e Combate à Corrupção da PF).
O delegado chefiou a equipe de policiais federais que atuaram na Operação Lava Jato, cujos processos em primeira instância eram presididos por Moro, quando ele era juiz federal. Três procuradores da República acompanham o interrogatório.
Clima de tensão
Durante a manhã, apoiadores de Bolsonaro e de Moro, se concentraram em frente à sede da PF em Curitiba.
Os dois grupos começaram a trocar insultos e um dos manifestantes (não se sabe integrante de qual grupo) chegou a agredir um cinegrafista da RIC TV (afiliada da Record no Paraná). Policiais militares intervieram e controlaram a confusão.
Inquérito no STF
A investigação foi aberta a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, que também quer investigar se o ex-juiz da Lava Jato cometeu crime de denunciação caluniosa.
O inquérito corre no Supremo Tribunal Federal (STF). O relator é o ministro Celso de Mello, que deixa a corte no fim do ano.
Em entrevista à revista Veja, Moro disse que considerou “intimidação” o fato de a Procuradoria-Geral da República o investigar por suposta denúncia falsa.
Aras foi indicado ao cargo pelo próprio Bolsonaro, numa ação em que o presidente deixou de escolher um nome da lista tríplice de candidatos eleitos internamente pelo Ministério Público Federal.
Em resposta, Aras disse que não admite ser manipulado ou intimidado.
A demissão de Moro foi o desfecho de uma crise que começou em 2019, quando Bolsonaro interveio na PF no Rio de Janeiro.
Ao pedir exoneração do cargo de ministro no último dia 24 de abril, Moro afirmou que Bolsonaro tentou interferir e receber dados sigilosos de investigações da Polícia Federal.
Bolsonaro admite que quer ter acesso a relatórios de inteligência diretamente da PF todos os dias. Moro afirma que isso é interferência e que é uma atitude antirrepublicana e contra os princípios constitucionais. Bolsonaro considera que tudo isso é normal.
Redação Tem com Folhapress