- Jornalismo
- 11 de setembro de 2020
‘Não chegamos ao pico da doença’, diz médico sobre pandemia em Londrina
Professor da PUC Londrina e ex-secretário de Saúde do município, afirma o pior da pandemia ainda não passou.

A situação da pandemia do novo coronavírus em Londrina tem levantado sérias discussões na última semana. Denúncias de falta de leitos de UTI em hospitais particulares – a primeira delas feita pelo Portal TEM – na última semana e também de materiais, além dos números alarmantes divulgados nos boletins diários, geraram a avaliação de alguns especialistas que consideram que este seria o pior momento da pandemia na cidade. Gilberto Berguio Martin, médico sanitarista e professor do curso de medicina da PUC de Londrina, acredita que o momento é realmente delicado e parecer ser o pior. “[…] É um momento bastante delicado porque a gente já começa a ter por parte dos serviços algum sinal de estresse dos serviços como queixas de dificuldades para encaixar os pacientes, falta de material… serviços superlotados”, comenta o médico, que também já foi ex-secretário de Saúde do Paraná e de Londrina. (Ouça a entrevista abaixo).
Para ele, o grande problema foi o relaxamento no processo de afastamento social. Sobre os números, que só aumentam a cada dia, ele questiona: “será que não estamos vivendo nesse momento o efeito da liberação da comemoração do dia dos pais?”. E continua: “como vai ser daqui a 14 dias, após o feriado de sete de setembro e após o relaxamento desse processo de afastamento social?”.
Outra questão abordada pelo médico, é o efeito psicológico nas pessoas causado pelas restrições da pandemia. A partir de como as autoridades definem o que deve ser feito, as pessoas se sentem mais ou menos seguras; mais atividades liberadas, transmitem a falsa ideia de que as coisas estão tranquilas. “As pessoas já estão com dificuldade de cumprir o que é estabelecido pelas autoridades. Quando há um relaxamento, aí que as pessoas relaxam mais ainda”, explica Martin.

Apesar de cansativo, ainda é preciso respeitar as restrições impostas pela pandemia porque os números indicam que a doença deve continuar se expandido pela cidade. “Nós não chegamos ao pico da doença, a curva de crescimento da doença ainda não atingiu o pico, quanto mais cair, todos os números demonstram que a gente está na vigência de um processo de expansão da doença”, diz o médico.
Já é possível prever o fim?
Londrina já soma seis meses de medidas restritivas devido ao coronavírus. Nesse momento, o que todos desejam é saber quando a curva de casos vai começar a cair e uma volta a normalidade deverá aparecer no horizonte. Porém, para Martin, a falta de uma quarentena “bem feita” na cidade faz com que esse desejo demore ainda mais para se concretizar. “Nesse ‘efeito sanfona’ de vai e vem, uma hora fecha, uma hora abre, eu acho que o fim vai demorar muito para acontecer”, declara.
Ele também defende que a normalidade só será alcançada quando uma vacina segura estiver disponível para toda população.
Ouça a entrevista completa:
Redação Tem