Proposta Legislativa quer acabar com cursos de Ciências Humanas nas Universidades

Uma proposta legislativa pretende eliminar os cursos de ciências humanas das universidades públicas. O objetivo é dar mais ênfase a “cursos de linha”, como medicina, direito e engenharias.

“São cursos baratos que facilmente poderão ser realizados em universidades privadas”, diz a proposta. “Os cursos de humanas poderão ser realizados presencialmente e à distância em qualquer outra instituição paga”, completa.
Os cursos que pretendem ser retirados das universidades públicas brasileiras incluem Filosofia, História, Geografia, Sociologia, Artes e Artes Cênicas.

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A proposta está aberta para votação pública até o dia sete de junho. Se alcançar 20 mil apoios, seguirá para deliberação no Senado.

Polêmica
A proposta gerou controvérsia por selecionar áreas específicas de conhecimento como prioritárias. Para o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Geraldo Balduino Horn, a proposta pode ter apoio popular devido ao modo como a natureza dos cursos de humanas é compreendida fora dos espaços acadêmicos. “Qualquer tentativa de querer obstruir a instituição superior de ofertar o curso é, por princípio, um absurdo constitucional. Uma ideia dessas afronta o princípio da liberdade de organização das instituições em relação ao conhecimento que ela oferta”, completa.

Pilar
As ciências humanas e sociais são parte fundamental das universidades. A universidade de Bolonha, a primeira a ser criada, foi fundada em 1088 por professores de gramática, retórica e lógica que pretendiam se dedicar ao estudo do Direito.

No século XVIII, nos Estados Unidos, a Universidade da Pensilvânia foi a primeira do país a se proclamar como tal. E, até hoje, a instituição fundada por Benjamin Franklin exibe em seu selo a herança das disciplinas clássicas: Teologia, Astronomia, Filosofia, Matemática, Lógica, Retórica e Gramática.

“A filosofia oferece conhecimentos não negligenciáveis, principalmente para as perguntas do sentido da vida, das razões últimas ou primeiras. Mas também para quem se preocupa pelos aspectos mais práticos da vida, ela não é desprezível, porque aumenta a cultura e desenvolve a argumentação”, disse Raúl Enrique Rojo, sociólogo e docente do programa de pós- graduação Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).