Jovem de 29 anos é vacinada contra covid nos EUA antes da mãe, de 61, que mora em Londrina

O marido da jovem, de 32 anos, também já foi vacinado.

Filha, de 29 anos, já foi vacinada nos EUA. No Brasil, a mãe, de 61, ainda não – Imagem: Arquivo Pessoal

Um sonho que, infelizmente, está cada dia mais distante: a vacinação de todos os brasileiros. Na última quarta-feira (21), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que a previsão de término da vacinação do grupo prioritário no Brasil passou de maio para setembro. Enquanto isso, histórias de pessoas mais jovens que moram no exterior sendo vacinadas antes dos idosos brasileiros se multiplicam.

É o caso que aconteceu na família da londrinense Idê Silva, de 61 anos, que mora na Zona Norte da cidade. A filha mais nova dela, Carina Cooke, de 29 anos, mora nos Estados Unidos, e já tomou as duas doses da vacina anti-covid. Assim como o marido dela que tem 32 anos.

“Eu me inscrevi em um site que você pode ficar na lista de espera para vacinas extras. Eles me mandaram uma mensagem de texto no dia seguinte, e eu já marquei minha vacina para semana seguinte. Meu marido também conseguiu junto comigo. Nossa idade ainda não estava liberada na época, então só podia por lista de espera. Hoje, meu estado [a cidade de Spokane, no estado de Washington] está liberado para todas as idades (desde o dia 15 de abril). Eu dirigi até o local, eles pedem sua identidade e você nem sai do carro, eles te vacinam ali mesmo. Te dão uma carteirinha de comprovante e pedem para você esperar no estacionamento 20 minutos caso tenha reação. Eu tomei a vacina da Pfizer”, conta Carina.

Carina já tomou as duas doses; o marido dela, de 32 anos, também já foi vacinado – Imagem: Arquivo Pessoal

A brasileira que mora fora do país disse também que se emocionou muito após a imunização, “foi um choro de alívio”, disse. A preocupação dela, agora, é com a mãe que está no Brasil e ainda não foi vacinada.

“Eu acho um absurdo a lerdeza do processo no Brasil. O governo teve chances e chances de ter seu povo vacinado e recusou. Agora, não posso ir ver a minha mãe como tinha planejado porque não quero que ela corra risco. A vacina é a ferramenta mais importante no combate a pandemia, os nossos idosos precisam ser vacinados, temos que salvá-los. Se ela conseguisse tomar a vacina era menos estresse e frustração pra todos. Não é justo que eu, uma pessoa saudável, tenha tomado a vacina e ela não, mas infelizmente essa é a realidade do país”, lamenta Carina.

Mãe e filha estão há quase dois anos sem se ver. Os planos da família era que Carina viesse ao Brasil em maio, mas como a mãe ainda não foi imunizada e a pandemia está no pior momento no país, a visita precisou ser adiada. Por enquanto, fica apenas a expectativa.

“Eu estou acompanhando pela internet. Entro todo dia no site para ver se chegou minha vez, às vezes, até duas, três vezes no dia. O meu cadastro já está certinho, agora é aguardar liberar o agendamento da dose para a minha idade. Estou muito ansiosa”, comenta Idê.

Quando compara com a situação de outros países, a mulher diz estar frustrada com a demora da vacinação no Brasil. “É bem frustrante. Nosso governo deveria já ter agilizado a compra da vacina. Em vista a outros países, estamos muito atrasados”, diz.

Para quem está de fora, também fica a imagem de que falta uma organização governamental eficiente. “Eu tenho muito medo pelo Brasil. Quatro mil mortes por dia e só aumenta. Se fôssemos mais rápidos na vacinação, não estaríamos onde estamos hoje. E talvez a pandemia estaria melhorando e não piorando. Eu culpo o governo federal 100%”, afirma Carina.

Vacinação

Até o momento, o Brasil aplicou 27 milhões de primeiras doses, sendo que 10 milhões de brasileiros receberam a segunda aplicação, o que representa apenas 5% da população do país.

Nos EUA, o presidente Joe Biden comemorou, nesta quarta-feira (21), as 200 milhões de doses aplicadas no país. De acordo com o governo estadunidense, mais de 80% da população adulta já foi imunizada.

Em Londrina, quase 100 mil londrinenses receberam a primeira dose e 37 mil a segunda aplicação. O município está vacinando idosos de 63 e 64 anos e aguarda novos imunizantes do Ministério da Saúde.

Redação Tem