Diretora diz que Covaxin não custou US$ 10 e governo teria mentido

Imagem: Pedro França/Agência Senado

A diretora técnica da Precisa Medicamentos, Manuela Medrades, primeira a depor hoje na CPI da Covid, no Senado Federal, disse que a vacina indiana Covaxin, produzida pela farmacêutica Bharat Biotech, nunca foi ofertada ao Brasil por US$ 10, como alegou o governo federal. A Precisa Medicamentos representou a farmacêutica na negociação da vacina com o Ministério da Saúde. O menor valor, segundo Manuela, foi de US$ 15.

“Eu não sei porque colocaram isso aí [em documento de memória do Governo Federal sobre reunião com a Precisa], porque nós não ofertamento a vacina [Covaxin] a US$ 10 e nem a Bharat ofertou. Nessa reunião, nós não falamos de quanto vai custar. O preço nem tinha sido definido”, disse.

O senador Humberto Costa (PT-PE), membro da CPI, se pronunciou sobre a afirmação nas redes sociais, afirmando que esse é o ponto do depoimento que deve “ser explicado com urgência”.

“Emanuela diz à CPI que a ata de uma reunião no Ministério da Saúde traz um valor da vacina que foi inventado, não era real. Estamos diante de uma acusação de que uma ata oficial, que deveria atestar com exatidão dados sensíveis de um importante encontro, era fake, mentirosa”, escreveu o Humberto.

A diretora técnica da Precisa também afirmou que a empresa não tinha poder para definir o preço da vacina produzida pela Bharat Biotech. Ela disse que o primeiro preço estimulado pela farmacêutica foi de US$ 18 e que, após negociações, conseguiu reduzir para US$ 15, preço final oferecido ao Governo Federal.

“A política de precificação da Covaxin é 100% da Bharat Biotech. A Precisa não atua na precificação. O que nós fizemos foi tentar, o tempo todo, reduzir esse custo. Não foi só uma vez, foram diversas. Eu tenho os registros por e-mail. A Bharat divulgou a política dela de forma notória”, disse Manuela.

Em resposta ao relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), Manuela Medrades , não divulgou quanto a Precisa Medicamentos receberia pela representação da farmacêutica Bharat Biotech no Brasil para negociação da vacina indiana Covaxin com o Ministério da Saúde. Ela alegou haver uma cláusula de confidenciabilidade no contrato entre as duas empresas.

“Bharat vai receber US$ 15 por dose, caso o contrato seja… [aprovado], já incluso imposto, frete, todos os itens de risco e derivados. E a questão da participação da Precisa tem cláusula de confidenciabilidade e eu não tenho autorização para compartilhar aqui”, disse Manuela.

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Redação Tem com iG Brasil