Polícia Federal indicia eleitora de Porto Alegre por compartilhar fake news
Educadora física, que não teve o nome divulgado, prestou depoimento nesta sexta-feira. Ela vai responder por dois crimes previstos no Código Eleitoral
A Polícia Federal indiciou, na manhã desta sexta-feira (19), uma educadora física de Porto Alegre por crimes eleitorais. Segundo a PF, a eleitora, que não teve o nome informado, divulgou conteúdo falso sobre o pleito deste ano nas redes sociais.
Em um vídeo publicado nas redes, a mulher relata o envio de urnas fraudadas para o Nordeste, e responsabiliza o governo federal por suposta fraude nas eleições.
O inquérito policial foi aberto na quinta-feira (18), após pedido do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS). De acordo com a assessoria do TRE, o vídeo foi um entre vários materiais apurados por uma força-tarefa criada pelo presidente do TRE-RS, desembargador Jorge Dall’Agnol, para analisar crimes eleitorais. Essa equipe é composta por membros da Justiça Eleitoral, do Ministério da Justiça e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
O grupo, composto por servidores e magistrados, elencou três denúncias recebidas – considerados com maior potencial para violar a legislação vigente – e encaminhou à Polícia Federal (PF) por meio da corregedoria do TRE. De acordo com a PF, apenas o caso da educadora física tem origem no Estado, sendo que os outros dois devem ser repassados, após identificadas, às unidades federativas responsáveis. A assessoria do órgão não divulgou quais são os Estados onde foram registrados os outros dois casos.
A mulher foi indiciada por “divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou candidatos e capazes de exercerem influência perante o eleitorado” e “caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando fins de propaganda, imputando-lhe falsamente fato definido como crime”, artigos 324 e 325 do Código Eleitoral. A pena é de três anos de detenção, mas pode ser aumentada em um terço, em razão da utilização de redes sociais para divulgação do conteúdo falso.
“Não fazemos isso por perseguição”, diz PF
Em entrevista coletiva nesta tarde, o presidente do TRE-RS, desembargador Jorge Luis Dallagnol, afirmou que o órgão recebeu o vídeo e encaminhou para a PF.
— O vídeo dela não corresponde com a realidade. Ela é a primeira de outras que estão sendo submetidas à PF — afirmou. — Não fazemos isso por perseguição, mas porque temos necessidade de demonstrar a transparência das urnas e a lisura dos servidores e da Justiça Eleitoral, que dedicam parte da sua vida para que todos tenham segurança.
A mulher foi ouvida pela PF nesta manhã e liberada. O TRE pediu para esclarecer se a educadora física tinha alguma informação privilegiada sobre fraudes e como ela poderia comprovar isso. No entanto, segundo o depoimento, nada foi confirmado, e por isso houve o indiciamento.
Depois de concluir a investigação, de acordo com a polícia, deve ser feito o encaminhamento ao Ministério Público Eleitoral para que seja feita a denúncia. Segundo a PF, este foi o único inquérito instaurado até o momento.
Redação Tem