Bióloga da UEL orienta como lidar com macacos em prédio de Londrina
A professora da UEL, Ana Paula Vidotto Magnoni, explicou ao TEM sobre o comportamento da espécie e os cuidados que os moradores devem ter.
A “visita” inusitada de um grupo de macacos-prego a um dos condomínios do Bairro Acquaville, na região leste de Londrina, noticiada pelo TEM, rendeu muitos comentários. Principalmente, de pessoas preocupadas de que os animais estivessem com fome e, por isso, saíram em busca de comida pela região.
Para entender um pouco mais do comportamento desses animais e do que pode ter motivado a ida deles ao local, o TEM conversou com a professora da UEL, Ana Paula Vidotto Magnoni, que é pesquisadora de macacos-prego e acompanha a população que existe no campus da UEL. O ponto principal ressaltado pela pesquisadora é que é um comportamento natural desses animais saírem para explorar nas proximidades dos locais em que vivem. Além disso, eles estão o tempo todo em busca de comida, por isso o fato de pegarem alimentos não significa que, necessariamente, estão com fome.
Por fim, ela reforça que a orientação é não alimentar esses animais porque isso faz com que eles criem o hábito de voltar em busca de comida e podem ter atitudes agressivas caso não consigam o que desejam. Confira a entrevista completa:
TEM: O que pode justificar a presença desses animais nesse ambiente (teria a ver com depredação do habitat natural deles, podem estar com fome)?
Ana Paula: O macaco-prego é uma espécie que vive em grupos de até 30, 40 indivíduos. Há uma hierarquia entre os indivíduos, o que às vezes ocasiona conflitos, e faz com quem um indivíduo, principalmente machos, emigrem em busca de novos locais para viver. Obviamente, vivemos em uma região altamente fragmentada, e não sabemos ainda de onde estes animais podem ter vindo originalmente. O fato de estarem ali não significa necessariamente que estejam com fome.
TEM: Eles costumam ser agressivos? Quais os cuidados que é preciso ter caso encontre um amiguinho desse em casa?
Ana Paula: Eles são animais silvestres e, como tal, têm comportamento imprevisível, muito diferente de animais domesticados. Sugiro que chame imediatamente o IAT ou a Força Verde para fazer a retirada com segurança do animal. Os macacos não são Pets e não devem ser tratados como tal.
TEM: Na própria UEL, a presença dos macacos é bem comum. Eles já fazem parte do cenário da universidade. Você acha que pode começar a ser comum que eles apareçam em outras localidades de Londrina?
Ana Paula: Não acredito que isso venha a ocorrer. O bando que vive na UEL está ali há pelo menos 50 anos, e outros bandos vivem em Londrina, como no Parque Municipal Arthur Thomas, no Jardim Botânico e Mata dos Godoy, sem que houvesse esse tipo de propagação. Acredito que seja algo esporádico, mas vamos monitorar essa movimentação.
TEM: Eles costumam querer comida, mas a orientação é não alimentá-los. É isso mesmo? Por que alimentá-los pode ser um problema?
Ana Paula: Alimentar um macaco-prego é diferente de alimentar um cão ou gato. Os macacos-prego são extremamente inteligentes e irão começar a frequentar e invadir casas e apartamentos para obter alimento. Caso a pessoa se recuse a fornecer, podem ser agressivos, pois sabem que dessa forma intimidam as pessoas. Por isso, a alimentação dada por seres humanos cria um hábito difícil de erradicar. É o maior problema que temos na UEL. Não alimente, mesmo que seja com frutas ou alimentos considerados saudáveis, pois irá criar um vínculo que você vai querer cortar, mas não vai conseguir. Além dessa questão, eles costumam conseguir uma alimentação balanceada naturalmente, e, portanto, a população não cresce tanto. Comendo alimentos humanos, as populações crescem e o problema só aumenta.
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Fiama Heloisa - Redação Tem