De 399 municípios, apenas um possui mais de 50% de vereadoras no Paraná
Município de Ourizona, no Paraná, é o único que tem mais 50% de mulheres na Câmara – Foto: Câmara de Ourizona
Quando o assunto é representatividade feminina, uma das primeiras coisas que vem à cabeça é a representatividade na política.
De acordo com uma publicação do deputado estadual Arilson Chiorato (PT), entre os 399 municípios do Paraná, apenas o município de Ourizona, no oeste do estado, possui mais de 50% de vereadoras na Câmara Municipal. O dado é confirmado pelo Censo do IBGE de 2010. Em Londrina, por exemplo, temos apenas uma vereadora mulher, Daniele Ziober (PP) é a única representante feminina na casa de leis.
O dado se torna ainda mais alarmante ao confirmar que 51% da população paranaense são mulheres. Dos 399 municípios, 106 não elegeram nem uma mulher. Na Assembléia Legislativa do Paraná, por exemplo, dos 54 deputados eleitos no ano passado, apenas 5 são mulheres.
A participação das mulheres na política ainda é muito baixa, no Paraná, dos 3877 vereadores, apenas 478 são mulheres.
Segundo especialistas em Políticas Públicas para Mulheres, a participação feminina na política é baixa devido principalmente à ideia construída pela sociedade ao longos do tempo de que a mulher pertence ao espaço doméstico. Apesar de dados demonstrarem que atualmente, este é um pensamento ultrapassado, já que a presença das mulheres no mercado de trabalho e nas universidades tem aumentado. E, apesar dos baixos números de representatividade de mulheres em chefias de empresa e na política, esse número ainda é maior que levantamentos apresentados há cerca de 20 anos atrás em que as mulheres não tinham praticamente nenhuma participação na tomada de decisões.
Jornada tripla dificulta participação
Um levantamento do IBGE (2015) apontou que as mulheres trabalham 7,5 horas por semana a mais que os homens, o que corresponde à dupla e tripla jornada de trabalho, referente ao trabalho doméstico e ao cuidado com os filhos. A mulher é relegada ao espaço doméstico, enquanto para o homem é mais fácil participar do debate público.
A participação das mulheres na política é muito importante, nas associações de bairro, nas igrejas, nos movimentos sociais e também nos cargos públicos. Como a nossa sociedade define e divide os papeis de gênero, mulheres e homens podem ter visões diferentes sobre o que é mais importante para se debater.
Por exemplo, como as mulheres são responsabilizadas pelo cuidado da casa e dos familiares, são elas acompanham o preço da cesta básica e também os problemas da educação e saúde pública, pois são elas que vivenciam majoritariamente esses ambientes. O que possibilita diferentes perspectivas para o debate público.
Redação Tem com Assessoria