Professores iniciam greve contra terceirização de escolas no Paraná
Greve vai iniciar nesta segunda-feira.
Os educadores da rede pública estadual iniciam, nesta segunda-feira (3), uma greve por tempo indeterminado, com o intuito de pressionar o governador Ratinho Junior (PSD) a desistir do projeto que deseja terceirizar a educação pública em 200 escolas do Paraná. Além da suspensão das privatizações, a pauta da greve inclui o pagamento da data-base deste ano (3,69%) e o zeramento das perdas salariais dos educadores que, segundo a categoria, já supera os 39%.
De acordo professor Marcio André, presidente do núcleo de Londrina da APP Sindicato, a greve dos educadores foi provocada pelo governo estadual em razão do projeto. “O projeto quer terceirizar os serviços da escola pública do Paraná para empresas particulares. Nós não aceitamos isso de forma nenhuma, isso é um absurdo”, diz o educador.
“Nós entendemos que [esse projeto] é o fim da escola pública, do conceito básico de pública e gratuita. Um espaço inclusivo. Em todos os outros lugares onde esse tipo de projeto já foi proposto, com o passar o tempo as escolas deixaram de ser gratuitas e passaram a cobrar mensalidades, deixando de ser na essência pública e gratuita”, completa.
Segundo a organização, milhares de pessoas entre professores, educadores e funcionários de escolas devem participar de mobilizações em todo o estado. Em Curitiba, haverá concentração na Praça Santos Andrade a partir das 8h, seguida de marcha coletiva até o Centro Cívico, onde acompanharão a votação na Assembleia Legislativa (ALEP) do projeto.
Haverá manifestações também nos 29 núcleos da APP, incluindo o núcleo de Londrina.
Preocupação
Os educadores das escolas do Paraná, principalmente aqueles que trabalham em processo simplificado temem pela continuidade dos empregos, além da garantia de qualidade dos serviços prestados.
“Já estamos vivendo o processo de terceirização das escolas há algum tempo. E vivenciamos a precariedade dos contratos trabalhistas dessas pessoas que estão nos serviços gerais e administrativos das escolas”, afirma a agente educacional Poliana Santos, que trabalha em um colégio na Zona Norte de Londrina. “Para além disso, é importante garantir que a população seja atendida por educadoras e educadores que conhecem e sabem da importância e valor da educação pública e de qualidade”, conclui a servidora.
A APP Sindicato recomenda aos pais, mães e responsáveis que não enviem suas crianças e jovens à escola, pois, segundo a categoria, não haverá educadores para acolhê-los.
Operação bilionária
As 200 escolas sob risco imediato de terceirização têm cerca de 175 mil matrículas. As empresas escolhidas devem receber R$ 800 por mês por estudante matriculado. Por mês, as empresas devem receber R$ 140,5 milhões, o que soma R$ 1,7 bilhão por ano.
Com base no que aconteceu nas duas escolas do programa piloto, 5% dos valores repassados são “taxa de administração” e 7% são “lucro” das empresas. Isso dá cerca de R$ 17 milhões por mês e R$ 200 milhões por ano a menos aplicados nas escolas pelo governo.
A APP avalia que esses valores que vão beneficiar as empresas deveriam ser investidos em toda a rede estadual.
Redação Tem Londrina com APP/SEED