Londrina tem estreia nacional de obra de Arrigo Barnabé nesta sexta

Atração celebra os 70 anos da cantora e compositora Tetê Espíndola.

Imagem: Gal Oppido

A programação da quinta edição do Circulasons faz uma homenagem ao tempo e aos laços que somos capazes de criar ao longo dele. O evento, celebra os 70 anos da cantora e compositora Tetê Espíndola, o aniversário de Londrina que se aproxima dos 90 e uma amizade de mais de 40 décadas, festejada com um ‘teatro para os ouvidos’ no espetáculo “Tetê Espíndola: Sertão Lisérgica – Um olhar de Arrigo Barnabé”, obra inédita concebida e roteirizada por Arrigo com estreia nacional em Londrina, cidade onde ele próprio nasceu, há 75 anos, nesta sexta-feira (27), às 20h, no Teatro Ouro Verde.

Para contar essa história, viajamos no tempo e chegamos a 1977, quando Arrigo escutou pela primeira vez a voz de Tetê Espíndola, recém-chegada do Mato Grosso do Sul, junto de seus irmãos. Cabelos negros, uma calça Lee e blusa branca, a craviola dentro de uma capa costurada à mão.

“Mais uma hippie”, pensou Arrigo, que na terceira música tinha o rosto molhado pelas lágrimas. O jovem rebelde e experimentalista não conteve as emoções frente às composições de ingenuidade quase bucólica, um naturalismo vibrante e suculento do cerrado, uma mistura, segundo Tonho Penhasco (guitarrista, cantor e compositor), de Janis Joplin e Cascatinha & Inhana. Nascia também uma amizade entre Tetê e Arrigo, algo nascido entre os pássaros livres do cerrado, os insetos que orquestram as noites no interior, dois artistas com o mesmo sangue interiorano nas veias. O espetáculo, que estreia no circulasons e conta com a participação especial do violonista Gustavo Gorla, é um concerto teatral, uma conversa entre os dois parceiros, amigos, feiticeiros do tempo e do som, frente a um gênero musical histórico na cultura brasileira.

“É a oportunidade de concretizar a ideia de um espetáculo que vai além das músicas. São textos especiais criados pelo Arrigo que elevam o clima do ‘show’ para o patamar de uma peça de teatro. Canto algumas desse universo lisérgico na craviola, exatamente como foram criadas”, revela Tetê Espíndola.

Neste “ser-tão” sem tempo ou gênero, a música e composições da dupla expressam essa sensação de pertencimento. Em cena, um grande caleidoscópio imagético, uma viagem lisérgica onde residem os sonhos herdados pela futura geração, espelhados pelo olhar da filha de Tetê, a cineasta Patrícia Black, que assina a coleção de lembranças em forma de efígies, projetadas no espaço do mais importante teatro da Cidade.

Assina a produção do show, Janete El Haouli, juntamente com o ator e produtor Fabricio Polido.

Arrigo Barnabé também buscou inspiração no conceito de “teatro para os ouvidos”, de Alberto Muñoz, dramaturgo, poeta e compositor de Buenos Aires, para a concepção do espetáculo. Também bebeu na fonte de Ovídio (poeta romano) e “O Guesa”, obra do poeta Sousândrade, citado em “azul sertão formoso e deslumbrante…” Barnabé vai a fundo e empresta seu olhar hipnótico, barroco e embriagante para narrar em música e poesia o Sertão de Tetê, que se torna a protagonista nesse lugar de sonho expressionista e mítico do parceiro de arte, um pulo no inconsciente de suas próprias músicas e paisagens, onde a vez e a voz são dos animais, insetos, águas, pedras e minerais. Um espaço dissolvido onde a lisergia expande a percepção temporal e histórica da paisagem civilizada dos homens.

Neste ‘ser-tão’ sem tempo ou gênero, além das composições de Barnabé e Tetê – ‘Iacoana’, ‘Canção dos Vagalumes’, ‘Jaguadarte’, ‘Paisagem Fluvial’ — ficam incluídas aquelas com alto grau de parentesco, raras e muitas praticamente inéditas pelo duo, como as do irmão Geraldo Espíndola, de Alzira E e também Carlos Rennó – ‘Pássaro do Pântano’ e ‘Na catarata’.

Os ingressos custam R$ 60 (para todos) + taxa de serviço, e podem ser adquiridos clicando aqui.

Redação Tem Londrina com Assessoria