Apagões expõem fragilidade da Copel privatizada, critica deputado
Cidades do estado têm sofrido com apagões de energia nas últimas semanas.

O deputado Arilson Chiorato (PT), Líder da Oposição na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), denunciou nesta terça-feira (30), os efeitos da privatização da Companhia Paranaense de Energia (Copel). Durante discurso em plenário, ele expôs vários problemas agravados com o sucateamento do serviço prestado.
O exemplo recente citado pelo parlamentar foram as fortes chuvas do dia 22 de setembro, provocado por um ciclone, que deixou mais de 1,1 milhão de pessoas sem luz. Entretanto, o deputado frisou que o problema é recorrente. “O que ficou claro é que não foi só o clima o responsável pela falta de luz. A ausência de manutenção, de investimento em infraestrutura e em profissionais qualificados após a privatização feita por Ratinho Jr contribuíram para a demora do estabelecimento de energia”, argumentou o Líder da Oposição.
O deputado relembrou que, em agosto de 2023, o governador Ratinho Junior (PSD) vendeu o controle da Copel por R$ 3,1 bilhões em ações na Bolsa. “Hoje, o Estado tem apenas 15,91% das ações, com direito a cerca de 10% dos votos. Mantém uma única ação especial, chamada golden share que não garante controle da empresa. Quem manda agora são acionistas privados e a prioridade passou a ser o lucro, não o consumidor”, criticou o parlamentar.
O parlamentar lembrou ainda relatos de atraso no pagamento a terceirizadas, divulgados nas redes sociais e apontou a precarização do serviço: corte no quadro técnico, redução da manutenção e demora no atendimento.
Consequências e cobranças
O Líder da Oposição listou as consequências para a população: geladeiras estragadas, idosos sem equipamentos de saúde funcionando, escolas e comércios parados, comunidades rurais isoladas e produtores com prejuízos. “O Paraná ficou no escuro, sem explicação e sem compensação”, afirmou.
O deputado Arilson destacou que o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) notificou a Copel e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) cobrando explicações e providências. Sindicatos também alertaram que a privatização fragilizou a rede e piorou o atendimento. “Milhares de paranaenses tiveram aparelhos queimados, perdas no comércio e prejuízos sem indenização. É preciso auditoria, transparência e responsabilidade”, disse.
CPI e futuro da energia
O deputado Renato Freitas (PT) fez aparte e reforçou as críticas apresentadas pelo Líder da Bancada. Renato Freitas relatou que escolas chegaram a improvisar aulas à luz de velas, comércios tiveram grandes prejuízos e famílias ficaram dias sem energia. O parlamentar também denunciou ações judiciais da Copel contra moradores que vivem há décadas próximos a antenas da companhia, além de aumentos de quase 500% nos salários da diretoria após a privatização.
“É necessária uma CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] das privatizações para ontem”, concluiu.
O deputado Arilson encerrou destacando que energia não é mercadoria, mas um direito básico. “Nós não vamos aceitar que o povo fique no escuro, enquanto acionistas da B3, da Faria Lima, estão iluminados. Parte do lucro agora é toda dividendos. Enche a bolsa da B3 e esvazia a geladeira do povo paranaense, o mercadinho do povo paranaense, as propriedades rurais do povo paranaense.”
Um milhão no escuro
O pico da crise, de acordo com dados divulgados pela imprensa, atingiu 1,1 milhão de casas e empresas no estado. Depois, ainda restaram 448 mil imóveis sem luz ao mesmo tempo. Em cidades como Ponta Grossa, Londrina, Guarapuava e Cascavel, famílias ficaram até 48 horas sem eletricidade.
Na capital, o impacto também foi severo: 62 mil imóveis chegaram a ficar sem energia, e milhares permaneceram sem atendimento mesmo após 24 horas. Na área rural, comunidades de Castro ficaram até seis dias sem eletricidade.
Redação Tem Londrina com Assessoria