‘A Vida Invisível’ é o filme indicado do Brasil para tentar vaga no Oscar 2020
Dirigido por Karim Aïnouz, ele venceu mostra no Festival de Cannes. Longa com Fernanda Montenegro tenta indicação a Filme Internacional, após disputa acirrada com 'Bacurau'.
“A Vida Invisível” foi o filme indicado pelo Brasil para tentar uma vaga no Oscar 2020. Ele disputou com outros 11 concorrentes e tenta agora uma dos cinco indicações na categoria de Melhor Filme Internacional, antes chamada Filme em Língua Estrangeira.
Dirigido pelo cearense Karim Aïnouz, o filme narra a trajetória de duas irmãs cariocas nos anos 1950, com “sonhos soterrados pelo peso de uma sociedade machista”.
Fernanda Montenegro e Carol Duarte dividem o papel de Eurídice. O filme tem estreia prevista para novembro no Brasil e foi o vencedor da mostra Um Certo Olhar, do Festival de Cannes.
Baseado no romance de Martha Batalha, “A vida invisível de Eurídice Gusmão”, a ideia era dar voz às mulheres, segundo o cineasta. Foi também uma forma de homenagear sua mãe, que o educou sozinha, e sua avó que viveu 108 anos.
Mais melodramático e com atuações que lembram as do teatro, “A vida invisível” teve como inspiração declarada as telenovelas brasileiras dos anos 1970.
‘Bacurau’ bem votado
Após quase duas horas de reunião na Cinemateca Brasileira, a comissão especial da Academia Brasileira de Cinema tomou a decisão após ficar dividida.
“Não foi consenso, mas todos gostamos do filme”, declarou Anna Muylaert, presidente da comissão. Segundo ela, o placar foi de 5 para “A vida invisível” contra 4 para “Bacurau”.
“Tomamos a decisão pensando nas chances do filme na campanha americana. É um dos maiores diretores do cinema brasileiro e tem influência no cinema americano, tem a Fernanda Montenegro, que já concorreu ao Oscar, e é um belíssimo filme”.
“A vida invisível” teve seus direitos de exibição comprados pela Amazon e tem produção da RT Features, do brasileiro Rodrigo Teixeira (de “Me chame pelo seu nome” e “A Bruxa”).
“Praia do Futuro” (2014), “O céu de Suely” (2006) e “Madame Satã” (2002) estão entre os trabalhos anteriores de Aïnouz.
Equipe comemora
O diretor Karim Aïnouz comemorou a escolha e revelou que o filme é dedicado à força das mulheres, sobretudo a sua mãe. “O tema central é contra o patriarcado e como a violência contra as mulheres é naturalizada. Fico muito feliz que seja extremamente político, mas também pessoa. Fui criado por uma mãe solo no Nordeste e é homenagem uma a ela”, disse o diretor em entrevista à GloboNews.
Apesar da mensagem forte, o diretor defende o aspecto emocional de seu filme. “Ele olha para a opressão pela vida das personagens, falamos disso através da emoção. Se passa na década de 1950, mas é muito atual por que ainda precisamos avançar muito”.
Fernanda Montenegro exaltou a produção audiovisual do país. “Isso demonstra que a cultura cinematográfica brasileira, num momento como esse, nos credencia como artistas e cidadãos. Karim merece”.
Redação Tem com G1