Diretora do HV/UEL tira dúvidas sobre cuidados com animais na pandemia

Foto: Reprodução/AEN

A desinformação acerca da covid-19, doença causada pelo coronavírus, coloca em risco a saúde humana, assim como a saúde dos animais de estimação. Quem faz o alerta é a diretora do Hospital Veterinário (HV), professora do curso de Medicina Veterinária, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Regina Mitsuka Breganó. Muitos são os questionamentos que aparecem neste período, entre eles se a vacina para coronavírus de cães pode ser usada em humanos. E a resposta é não, não pode.

A professora explica que “não pode e não deve, já que o uso dessas vacinas além de não proteger contra o novo coronavírus pode causar reações graves nas pessoas. O coronavírus canino (CaCoV) e o felino (FCoV) são diferentes do Sars-CoV-2, que afeta os humanos e está causando a pandemia de covid-19”.

Sem dúvida, neste momento de incertezas, procurar pelo médico veterinário é a melhor saída. Regina ressalta a importância de recorrer ao médico veterinário no momento de buscar informações, uma vez que são profissionais capacitados para sanar dúvidas e orientar quanto aos cuidados com os animais.  Em entrevista à Agência UEL, por e-mail, a especialista esclarece outras das principais dúvidas sobre cuidados com os pets em tempos de pandemia.

Qual produto deve ser usado no momento da higienização?

Regina Mitsuka Breganó: Recomendamos o uso de xampu neutro próprio para animais.

A higienização de maneira não recomendada pode acarretar problemas à saúde dos animais? Como o dono deve proceder caso use um produto que comprometa a saúde do animal?

Regina Mitsuka Breganó: O uso de produtos não recomendados, como desinfetantes, pode causar irritação ou alergia. Caso isso ocorra, é recomendado lavar bem para retirar o máximo de produto e levar ao médico veterinário que poderá avaliar e indicar o melhor tratamento.

Na hora do passeio diário, é recomendado colocar sapatos ou máscara facial nos animais?

Regina Mitsuka Breganó: Não recomendamos o uso de sapatos, pois se o animal não estiver acostumado ele pode não querer caminhar ou tentar retirar, causando mais estresse tanto para o animal como para o tutor. Não existe comprovação científica de que os cães ou gatos se infectem pelo novo coronavírus, dessa forma não é necessário colocar máscara no animal.

Deixar de levar o animal para passear pode acarretar problemas? Qual a saída neste momento de pandemia?

Regina Mitsuka Breganó: Se o animal está acostumado a passear, principalmente aqueles que moram em apartamentos, a falta desses passeios pode acarretar estresse. Além disso, têm aqueles que só fazem suas necessidades na rua. Nesses casos, recomenda-se passeios curtos e, ao retornar para casa, lavar as patinhas com xampu neutro e secar bem.

O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) alerta que o abandono de animais aumentou neste período. O que se pode dizer sobre este cenário?

Regina Mitsuka Breganó: O abandono decorre do fato de que existe muita desinformação com relação à covid-19 e os animais. Os animais são hospedeiros de alguns tipos de coronavírus, mas não o Sars-CoV-2, que causa a covid-19, não apresentando risco para as pessoas. O cuidado principal é que eles podem ser transportadores do vírus no pelo e nas patas, por isso não podem ficar soltos na rua. É importante lembrar que abandono de animais e maus-tratos são crimes federais conforme Lei nº 9.605/98 e municipais segundo Lei nº 12.992/2019, com pena de detenção de três meses a um ano, além de multa.

 Quais são as dicas para uma adoção consciente neste momento?

Regina Mitsuka Breganó: Ter um animal em casa traz muitos benefícios para as pessoas, pois acalma e alegra o ambiente. Porém, neste momento e em qualquer outro, as pessoas que querem adotar um pet precisam estar cientes de que serão responsáveis pelo bem-estar físico e emocional desses animais. Eles necessitam de cuidados como boa alimentação, espaço adequado para cada raça, cuidados veterinários, principalmente vacina de qualidade. A atitude após adotar um pet é levá-lo ao veterinário para uma avaliação das condições de saúde. Providenciar vacinação, vermifugação e tratamento de parasitas como carrapatos. É muito importante não deixar os animais soltos na rua, pois eles correm o risco de ser atropelados, brigar com outros animais ou pegar alguma doença. Também é importante castrar tão logo seja indicado, já que as “vacinas anticoncepcionais” são totalmente contraindicadas pelo risco de causarem doenças como o câncer de mama.

Quais precauções devem ser tomadas caso o dono precise recorrer ao Hospital Veterinário da UEL?

Regina Mitsuka Breganó: Neste período de pandemia, onde é muito importante evitar aglomerações, o HV adotou algumas medidas importantes como cancelar as visitas aos animais internados, atendimento só de emergências, ou seja, com risco à vida do animal, cancelamento de cirurgias eletivas, um único acompanhante por animal, proibição da presença de crianças e uso obrigatório de máscara. Além disso, se o tutor tiver alguém com covid-19 em casa, ou apresentado sintomas como febre, dificuldade respiratória, dor de cabeça e tosse, não deve vir ao HV. No entanto, se o animal estiver muito grave, é recomendado pedir para outra pessoa trazê-lo e avisar ao médico veterinário, que adotará todas as medidas para evitar a transmissão da doença para outras pessoas.

Dúvidas

O Laboratório de Zoonoses e Saúde Pública, do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, disponibiliza o e-mail [email protected] para o esclarecimento de dúvidas sobre a covid-19 e os animais.

Redação Tem com Agência UEL



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