Após incêndio, indígenas do Centro Kaingang precisam de ajuda

Seis famílias perderam tudo; causa do incêndio expõe condições precárias vivenciadas pelos indígenas.

Fogo destruiu seis casas – Imagem: Fiama Heloisa

No dia seguinte ao incêndio que destruiu seis casas no Centro Cultural Kaingang, na Avenida Dez de Dezembro, em Londrina, restavam os sinais do acidente e também a necessidade urgente das famílias atingidas por itens básicos . Em meio ao que agora são cinzas, é possível identificar roupas, utensílios de cozinha, sofás, colchões. “Felizmente, as nossas perdas foram materiais. Então, agora, o que a gente precisa é de doações de coisas básicas para as famílias e também materiais para a reconstrução das moradias. Principalmente, eternite para fazer uma cobertura melhor”, explica o vice-cacique da comunidade, Renato Kriri.

Ele também conta que o incêndio foi provocado por um lampião, que caiu no chão, bateu em outro lampião que já estava aceso e causou o fogo. As chamas se alastraram pelos tapetes da casa, sofá e, pela proximidade das moradias, atingiram outras residências.

Em meio as cinzas, os objetos perdidos – Imagem: Fiama Heloisa

A causa do acidente expõe as condições precárias de sobrevivência dos indígenas que vivem no Centro Cultural. Atualmente, 35 famílias moram naquele espaço. Todas as casas são feitas de madeira, muitas delas com cobertura de lona, nenhuma tem banheiro, nem água encanada e apenas algumas possuem energia elétrica. “São apenas dois banheiros, que ficam no espaço que deveria servir para realizar apresentações culturais e receber visitantes, para todo mundo. O espaço serve para acolher os indígenas que vêm vender produtos produzidos na aldeia, para gerar fonte de renda, mas não tem as condições necessárias para uma vida digna”, relata Kriri.

A liderança comenta as dificuldades enfrentadas pela comunidade para conseguir se manter no Centro Cultural Kaingang e cobra uma solução. “Nós queríamos que esse espaço tivesse uma estrutura adequada de forma permanente, que o poder público respeitasse esse espaço e ajudasse a manter a estrutura necessária para o povo indígena ter uma vida digna como qualquer pessoa. Temos uma história de pertencimento com esse território, nossos avós, bisavós passaram por aqui, o povo indígena ainda existe e tem uma história nesse espaço”, reforça.

Único local com banheiros é a sede da comunidade – Imagem: Fiama Heloisa

Sobre a construção de casas no local, Kriri informou que há um projeto sendo encaminhado junto à Companhia de Habitação (COHAB) de Londrina, mas que ainda não se tem uma previsão de quando o projeto deve ser efetivado. A reportagem procurou a COHAB, mas não teve respostas até o fechamento desta matéria.

Doações

Quem puder ajudar os indígenas do Centro Cultural Kaingang com roupas, alimentos, utensílios domésticos, cobertores, colchões, cama, pode levar as doações diretamente ao local.

Fiama Heloisa- Redação Tem