Biblioteca de Londrina recebe ‘óculos inteligente’ para deficientes visuais

Imagem: Divulgação/Ncom

A Prefeitura de Londrina foi contemplada com a cessão de um equipamento viabilizado pelo Governo do Paraná, por meio do Projeto Óculos Acessível, iniciativa da Secretaria de Estado da Justiça, Família e Trabalho (SEJUF). Trata-se de um dispositivo moderno de “óculos inteligente” para auxílio a pessoas cegas e com dificuldades de visão, que permite a leitura por escuta, reconhecimento facial, identificação de objetos, cédulas e códigos de barra, entre outras finalidades.

O aparelho foi recebido nesta quarta-feira (1) e ficará cedido à Biblioteca Pública Municipal de Londrina, que está comemorando 70 anos em 2022.

Em Londrina, o objetivo deste novo equipamento é auxiliar pessoas com deficiência visual a usufruir dos livros, periódicos e demais obras da Biblioteca Pública. O mecanismo portátil de inteligência artificial conta com uma pequena câmera sem fio que pode ser acoplada magneticamente a qualquer armação de óculos.

O equipamento ficará à disposição dos usuários da Biblioteca Pública Municipal que possuem deficiências visuais, mediante agendamento. Este espaço agora é responsável pela gestão do item tecnológico por um período inicial de dois anos, com a possibilidade de renovação. Os óculos também poderão ser utilizados, conforme o plano de trabalho do local, em atividades realizadas em outros pontos, tendo como foco principal as instituições que auxiliam os deficientes visuais, além de universidades e outros segmentos.

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O custo de cada unidade é de cerca de R$ 18 mil e, até agora, a iniciativa disponibilizou cinco aparelhos, totalizando aproximadamente R$ 90 mil em investimento para essa finalidade. Com o arrefecimento da pandemia, a ideia é ampliar gradualmente o alcance do projeto no estado.

Mais autonomia e liberdade

Os irmãos gêmeos André e Anderson de Alcântara, de 23 anos, participaram do evento e foram os primeiros voluntários que testaram os óculos com inteligência artificial na Biblioteca. Eles frequentaram o Instituto Roberto Miranda até o ensino médio e cursam hoje, respectivamente, mestrado em Literatura pela UEL, e graduação (4º ano) em Letras pela UEL.

“Nossa mãe lia para nós desde que éramos pequenos, também tivemos acesso a livros em braile e em áudio, e foi assim que cultivamos o hábito da leitura e a paixão em cursar Letras, até chegarmos à universidade. Estávamos ansiosos para conhecer este dispositivo de perto e poder utilizá-lo. É muito legal e prático, um óculos moderno que nos traz mais autonomia e liberdade, e novas possibilidades de conhecimento de mundo, já que muitos materiais já publicados não oferecem acessibilidade em braile ou por voz. Além disso, tem o potencial de reconhecimento facial, identificação de objetos e outras possibilidades interessantes. Não à toa, o óculos leva no próprio nome ‘meus olhos’ ”, contaram os irmãos.

De acordo com Lucidalva Fonseca Laço, professora do Instituto Roberto Miranda há cerca de 25 anos, a ferramenta facilita a vida das pessoas e só traz ganhos. Ela contou que hoje são 180 alunos atendidos pela entidade, de todas as faixas etárias, desde os zero anos de idade. “Temos programas para ensino do sistema braile, de matemática, de estimulação precoce e visual, de vivência e outras práticas. Também há atendimento às redes estadual e municipal de ensino, com professores itinerantes, cursos, palestras e outras ações solicitadas pela sociedade civil e instituições, em prol das pessoas deficientes visuais”, completou.

Valéria Pellicano, que é especialista em educação especial e multiplicadora de cursos para a área de direitos da pessoa com deficiência, também celebrou a chegada da novidade na Biblioteca. “Hoje é um marco para a acessibilidade e cultura em Londrina. Certamente, teremos manifestação proativa deste público pra uso do mecanismo. A tecnologia assistiva é essencial e hoje é um dia histórico para essa comunidade. Fui pedagoga no Município e também no Estado com educação especial, faço trabalhos que envolvem secretarias de Educação em todo o Brasil, e participo de projetos voluntários. Então sei como é especial e importante para essas pessoas poder contar com tecnologias que sejam tão benéficas em seu desenvolvimento”, frisou.

Equipamento

Orcam My Eye é uma tecnologia assistiva de “visão artificial” que possibilita à pessoa cega ou com baixa visão mais autonomia e qualidade de vida. O dispositivo possui uma câmera inteligente, que lê, instantaneamente, textos grafados em qualquer superfície, além de reconhecer produtos, cores e cédulas de dinheiro, em real ou dólar.

O Orcam MyEye também faz reconhecimento de faces que, além de auxiliar o usuário a identificar as pessoas ao seu redor, diz também o gênero de cada uma delas. É possível fazer reconhecimento facial com fotos de um indivíduo e gravar seu nome no sistema do aparelho, para que ele possa dizê-lo sempre que essa pessoas estiver em frente ao óculos. A implantação deste projeto visa proporcionar uma socialização na qual a pessoa com deficiência viva em uma sociedade em que seus direitos sejam garantidos através de tecnologias assistivas e estrutura acessível, assegurando, além da aplicação de um direito, o seu bem-estar.

Redação Tem com Ncom