‘Morador de rua é ser humano’, diz coordenador do movimento em Londrina

Movimento repudia ato de empresário que jogou água em morador de rua.

Empresário joga água em morador de rua; vídeo da atitude repercutiu – Foto: Reprodução

Depois de toda polêmica causada pelo vídeo que mostra um empresário jogando água em um morador de rua em Londrina, o coordenador do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) da cidade, Leonardo Aparecido Gomes, se pronunciou dizendo que a entidade está tomando as medidas necessárias para resolver a situação. “Desde o momento que identificamos esse caso, eu e outros companheiros do movimento já estamos conversando com a Secretaria de Assistência, com o Ministério Público, para tomar providências”, explica Gomes.

Ele relata que situações como essa, infelizmente, ainda são comuns. “Ainda falta sensibilidade para algumas pessoas. Tem parte da sociedade que não vê que a pessoa que está na rua também é ser humano. Eu mesmo já passei por situações assim quando morava na rua”, conta o coordenador.

O senhor do vídeo ainda não foi identificado. O núcleo de abordagem do MNPR está procurando por ele.

Entidade divulga nota de repúdio

O Espaço de Convivência Missio Dei, uma associação sem fins lucrativos que tem prestado assistência aos venezuelanos residentes na cidade de Londrina, publicou uma nota de repúdio em reposta à ação do homem que jogou água no morador de rua.

A associação acredita que a atitude do empresário desrespeita “a classe da ‘Comunidade em Situação de Rua’ que merece todo respeito, ainda mais em se tratando de um ‘SER HUMANO’ em necessidades especiais”. Leia a nota na íntegra:

O Espaço de Convivência Missio Dei, uma associação sem fins lucrativos que tem prestado assistência aos venezuelanos, residentes na cidade de Londrina, vem manifestar o seu repudio em decorrência a atuação de um empresário (segundo reportagem do site “Tem Londrina” – 02/10). O fato ocorreu em frente a um restaurante de comida árabe, que fica na rua Maranhão, área central de Londrina, onde se vê nitidamente a ação o rapaz nas imagens do video no site e nas midias sociais da Associação, e é possível ver o momento em que a pessoa de um estabelecimento comercial abre a porta e joga copos de água na direção de um senhor que aparenta estar em situação de rua.
Acreditamos que a “Comunidade Árabe” não comunga de ações extremas que caracterizam “ATAQUES TERRORISTAS”, qual for sua posição na sociedade moderna e civilizada. Caso contrário, as ações de “Radicais Islâmicos” seria comum em nossa nação brasileira. Acreditamos mais que, tal cidadão, não tem um espirito de humanidade e sim de depredação e desconstrução humana, desrespeitando sim a classe da “Comunidade em Situação de Rua” que merece todo respeito, ainda mais em se tratando de um “SER HUMANO” em necessidades especiais.
Como o caso não fora de depredação pelo senhor deitado ao chão, o rapaz do estabelecimento não deveria sequer se sentir no direito de hostilizar, mesmo que com água, algo que caracteriza-se uma agressão e crime aos direitos humanos.
Toda pessoa que mora na rua tem direito à vida com saúde, trabalho, educação, segurança, moradia, assistência social e lazer. Em 1948, esses direitos foram reconhecidos por vários países, na Declaração Universal de Direitos Humanos. Essa Declaração afirma que: Todas as pessoas nascem livres e iguais, ou seja, “ninguém é melhor que ninguém”. Todos nós formamos uma única família, a comunidade humana: negro ou branco, homem ou mulher, rico ou pobre, nascido em qualquer lugar do mundo e membro de qualquer religião. Assim, todos nós temos direito à liberdade e à segurança pessoal.

Portanto, como uma entidade que preza pela vida e se respeita acima de tudo qualquer ração, língua, povo e nação!

No Senhor da seara,
Que Deus nos ajude!

Aurélio Rachid Said
Pres. Espaço de Convivência Missio Dei

Redação Tem