UEL acolhe primeira cientista ucraniana em programa humanitário
Maria Boiko é especialista na área de Microbiologia e chegou à cidade com o marido e a filha.
A Universidade Estadual de Londrina (UEL) recebeu, no final de maio, a primeira cientista vinda da Ucrânia. É Maria Boiko, da área de Microbiologia da Universidade Nacional de Ciências da Vida e Ambientais da Ucrânia, sediada na capital Kiev. Ela foi recebida na UEL no Gabinete da Reitoria. A pesquisadora chegou acompanhada do marido, o cônsul da Ucrânia Viktor Boiko, e da filha Kseniia, de 7 anos.
A professora Mara Solange é uma das que estão prestando toda a ajuda possível à família de Maria, da locomoção à residência, assim como a escola para a filha. Várias instâncias da universidade estão se mobilizando para acolher da melhor forma possível os ucranianos. Vale lembrar que a UEL receberá cinco, das áreas de Economia, Engenharia Elétrica, Filosofia e Microbiologia.
Maria publicou, há alguns anos, um artigo em periódico internacional sobre uma bactéria (Bacillus thuringiensis) que mata uma espécie de besouro, uma praga das plantações de batata, que ocorre em todo o mundo. A bactéria é cultivada numa solução e pulverizada sobre a plantão, e age de forma que o inseto não consegue mais comer e morre de fome, assim como mata também as larvas do besouro, tudo em questão de dias.
A pesquisadora descobriu o Programa da Fundação Araucária, do Governo do Paraná, e conseguiu vir para o Brasil, o que viu como oportunidade de continuar estudando num país de forte pesquisa em sua área. Na Microbiologia da UEL, ela estudará os fungos Candida spp e Cryptococcus spp, que podem causar doenças.
Para o cônsul, é uma oportunidade tanto de crescimento científico quanto cultural, não só para Maria, mas para toda a família. Ele também comemora a vinda de outros pesquisadores ucranianos para a UEL, para assim formar uma pequena comunidade.
O professor Eduardo Araujo, da PROPPG, definiu esta oportunidade como uma das mais fantásticas para a UEL, em todos os aspectos, a começar pelo humanitário. Além disso, ele salienta, existe o ganho científico, de know-how, e ainda o cultural. Para os Programas de Pós-Graduação da Universidade que receberão os pesquisadores, ele afirma, será um salto de qualidade, e seguramente um significativo avanço na sua internacionalização, pois é exatamente esta troca de conhecimentos, e esta acolhida, que pesam para atribuir qualidade a um Programa.
Em março, o Governo do Paraná, através da Fundação Araucária e da Superintendência Geral da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), criou o Programa Institucional Universidades Amig@s: Acolhimento Extensionista aos Cientistas Ucranianos. O objetivo é acolher e integrar as cientistas do país europeu na comunidade paranaense, além de manter em alta o papel da ciência e da inovação mesmo em tempos de guerra.
A ideia é que os cientistas das universidades ucranianas desenvolvam suas pesquisas nas universidades paranaenses por um período de até dois anos, em um primeiro momento, recebendo bolsas. O Estado espera receber até 50 pesquisadores que possuam titulação de Doutorado e que estejam atuando (ou que tenham atuado) em universidades sediadas na Ucrânia. Será disponibilizado o valor global de R$18 milhões.
O Programa já possui 16 inscrições de pesquisadores que tiveram seus planos de trabalho aprovados. O edital é de fluxo contínuo e prioriza apoiar financeiramente as Instituições Científicas e Tecnológicas e de Inovação (ICTs) paranaenses na acolhida de pesquisadores ucranianos para atuarem na Pós-graduação Stricto Sensu.
Os 16 cientistas serão distribuídos entre as universidades estaduais, a UNILA, PUC e IFPR. Eles desenvolvem pesquisas nas áreas da educação, tecnologia da informação e comunicação, saúde, política criminal, energias renováveis, engenharia elétrica, economia, entre outras.
Redação Tem com Ncom