Ativista explica que termo ‘travesti’ não é pejorativo: “Pelo contrário, é nossa essência”
Christiane Lemes, idealizadora do documentário "Meu amor, Londrina é Trans e Travesti", explica os motivos de pessoas acharem que termo é ofensivo.
Uma matéria publicada na tarde deste domingo (21) sobre um acidente fatal em Londrina, chamou atenção para uma questão nas redes sociais. Ao noticiar a morte da travesti Barbara Vieira, de 40 anos, atropelada por um veículo na Avenida Brasília, muitos leitores questionaram e criticaram o termo ‘travesti’ contido no título e no interior da reportagem. Ativista ouvida pelo TEM, explica que termo é o correto.
Antes da divulgação da matéria, nossa equipe havia recebido a foto da vítima de uma amiga dela, que nos orientou que Barbara era travesti e não transexual, como divulgado em outros canais de informação.
O TEM conversou com Christiane Lemes, de 57 anos, reconhecida ativista na luta por direitos das travestis e transexuais de Londrina. Ela também é idealizadora do documentário “Meu amor, Londrina é Trans e Travesti”, produzido em parceria com a Pós-graduação em Comunicação Popular e Comunitária da UEL (Universidade Estadual de Londrina).
Ela explica que o termo ‘travesti’, utilizado na reportagem, não ofende as travestis e nem é pejorativo, pelo contrário, é motivo de orgulho. “Ao longo dos anos, a sociedade e setores da mídia vem tentando realizar um processo de ‘higienização’ do termo. Na realidade, as travestis não são transexuais e se sentem muito orgulhosas de serem chamadas de travestis”, explica Christiane. Ela também diz que há diferença entre os termos ‘transexuais’ e ‘travestis’.
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“Essas manifestações comprovam que ainda existem muitos preconceitos a serem superados”, diz ativista da causa travesti.
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Para a ativista “ser travesti é sinônimo de respeito às suas histórias e da memória das que as antecederam. As travestis são conscientes da relevância e do protagonismo que elas exerceram e exercem no movimento LGBT”, disse. Ela afirma que o “errado” é tentar esconder que elas existem. “Ser travesti não é algo ruim, muito pelo contrário, é a nossa essência, é o que somos. Tentam rebaixar o termo que nos representa. É o que nos define”, explica a ativista.
Sobre os comentários, ela pontuou que “essas manifestações, ainda que bem intencionadas, demonstram a prova que existem muitos preconceitos a serem superados pela sociedade. São preconceitos velados”, disse.
“O termo travesti é visto como algo negativo e ver uma de nós em uma matéria jornalística como vítima ainda causa estranhamento”, finalizou.
O movimento em defesa das mulheres travestis e transexuais de Londrina, também prestou homenagens à Barbara Vieira, de 40 anos, vítima do acidente na noite deste sábado e presta sentimentos aos amigos e familiares.
Nota editorial
O Portal Tem Londrina sempre trabalha com ética, isenção e principalmente, que respeitem os direitos humanos. Antes da publicação da reportagem sobre o trágico acidente que vitimou uma cidadã londrinense, a equipe de plantão deste domingo (21) já havia certificado sobre o termo utilizado e sobre a luta das travestis de Londrina, para que nenhum equívoco ou desrespeito fosse publicado.
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Redação Tem