‘Fiz tudo para salvá-lo, mas perdi meu primo para covid’, diz enfermeira do HU
Primo da profissional faleceu no HU de Londrina, após 10 dias lutando contra a doença.
A pandemia do novo coronavírus trouxe angústia para muitas famílias do país. Em Londrina, familiares e amigos de 64 vítimas fatais da covid-19 passam por momentos de dor e tristeza pela perda dos entes queridos, além das circunstâncias de prevenção ao contágio, que não permitem sequer os abraços de conforto e o último adeus.
Entre as histórias encontradas, está a da Maria Amelia Moraes, de 49 anos, enfermeira intensivista de uma das alas da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário (HU) de Londrina. Entre as vidas salvas e perdidas todos os dias, o estresse acumulado, a sobrecarga dos plantões, ela vivenciou dias de muita angústia ao ver o próprio primo, Moisés de Moraes, de 46 anos, lutar pela vida enquanto estava internado no hospital diagnosticado com coronavírus.
Após dez dias hospitalizado, ele não resistiu e faleceu no último domingo (21).
“O hospital tem muitos casos suspeitos e confirmados. Alguns pacientes saem bem, outros infelizmente não. Estou muito triste, pois já fiz muito por tantos, mas não pude fazer muito pelo meu primo”, conta emocionada a enfermeira.
“Me senti impotente por não poder fazer nada por ele”, diz enfermeira e prima da vítima.
Moisés tinha asma e o quadro de saúde havia se agravado nos últimos dias.
Triste pela morte do primo, a quem se referia como “pessoa muito querida e do bem”, Maria se sente impotente perante a doença, mesmo atuando diariamente na luta contra a covid-19. “A gente nunca imagina passar por isso. Nunca imaginei ver um ente querido passar uma doença tão cruel como essa”, disse. “Me senti impotente por não poder fazer nada por ele”, explicou a profissional. “Fiz de tudo para tentar salvá-lo, mas perdemos ele para essa doença”.
A enfermeira se diz ainda mais triste por crer que a população não está dando a devida atenção ao que está ocorrendo. “Parece que as pessoas ainda não acreditam que esse vírus tão cruel pode levar alguém da família, um amigo, alguém importante. Vejo que muitos ainda não entenderam. Infelizmente, vejo pessoas fazendo festas, churrascos, aglomerações, como se estivesse tudo normal”, diz.
Maria também contou sobre dor que foi o enterro do primo. “No sepultamento dele, só vimos o caixão lacrado. Podemos fazer apenas uma oração por ele. Essa doença existe e é muito cruel”, disse. “As pessoas precisam se cuidar, esse vírus pode levar alguém que amam”, completou.
O HU de Londrina é o hospital referência no combate ao coronavírus no Norte do Paraná e já está com quase todos leitos de pacientes da covid ocupados.
Moisés, primo de Maria, era apaixonado por fotografia e deixou dois filhos.
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Redação Tem