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‘Pai amoroso, avô maravilhoso’, diz família de vítima da covid-19

Seu Olavo Pereira de Castro, 74 anos, gostava de sanfona e de dançar.

Olavo Pereira de Castro, 74 anos, mais uma vítima da covid em Londrina – Foto: Arquivo Pessoal

Uma das paixões de seu Olavo Pereira de Castro, 74 anos, era ouvir modas antigas de sanfona. Mesmo com as limitações que o AVC, sofrido em 1999, lhe trouxe, ele continuava a tocar a sua sanfona e arriscava também uns passos de dança nas reuniões familiares. Varredor de rua aposentado, ele conheceu muita gente realizando seu trabalho pelas ruas do distrito da Warta, onde morava com a família até perder a vida no último dia 25, por causa da covid-19.

“Era uma pessoa honesta, trabalhadora, preocupado em não dever para ninguém. Como pai, muito amoroso; como avô, maravilhoso e como sogro também, muito querido. Vivia rindo, de bem com todo mundo”, relata Marlene Pereira, nora de seu Olavo.

Seu Olavo gostava de tocar sanfona e de dançar – Foto: Arquivo Pessoal

O idoso teve os primeiros sintomas da doença no dia sete de setembro, procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e daí veio a suspeita de coronavírus. Seu Olavo foi testado e o resultado deu positivo, mas ele permaneceu em casa nos primeiros dias. Devido a complicações, precisou ser encaminhado ao Hospital Universitário (HU) no dia 12; de lá foi transferido para o Hospital do Coração, onde permaneceu por quase 15 dias entubado, sedado e respirando com ajuda de aparelhos. Na madrugada do dia 25, faleceu.

“A gente tinha muita esperança de que ele ia voltar para casa. Agora, fica a sensação de uma morte precoce porque eu acredito que ele ainda tinha muitos e muitos anos de vida para passar com a gente e, de repente, esse vírus veio e tirou a saúde dele, tirou a vida dele”, lamenta Marlene.

Além da dor, para a família fica também a tristeza de não poder se despedir do ente querido da forma que gostaria. “Nós que passamos por isso, acreditamos que a covid tira um pouco a dignidade das pessoas. O meu sogro saiu do hospital para a ACESF, da ACESF direto para o cemitério. Não teve um velório digno, não pode receber homenagens dos amigos e familiares. Isso deixa tudo ainda mais triste”, afirma a nora.

Família de seu Olavo – Foto: Arquivo Pessoal

Olavo Pereira de Castro deixa seis filhos, dez netos, três bisnetos e a esposa Maria Silva de Castro, com quem conviveu por 49 anos. Mesmo em meio a dor, a família faz questão de reforçar a importância de se manter as medidas de prevenção ao coronavírus: “A população em si não está tendo disciplina, falta conscientização. Os bares, por exemplo, voltaram a abrir e estão lotados. A gente precisa fazer a nossa parte”.

Até agora, já são mais de 250 vidas perdidas em Londrina em razão da covid-19. O TEM faz questão de homenagear essas pessoas que nos deixaram como forma de lembrar que por trás de cada número dos relatórios oficiais tem uma vida.

Fiama Heloisa - Redação Tem


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