Supermercado se recusa a dispensar gestante no Paraná
Em Londrina, idoso com diabetes também não foi dispensado.
Em meio à pandemia do coronavírus que atinge o Brasil, governadores e prefeitos decretaram isolamento social na tentativa de conter o avanço da doença em todo território nacional, porém atividades essenciais ainda permanecem, mas sem restrições ou controle, vários trabalhadores do chamado grupo de risco da doença, não estão conseguindo dispensa de seus postos e correm risco de vida em muitas regiões do país.
Desde que o confinamento começou, o TEM recebe diariamente várias denúncias de estabelecimentos que estariam descumprindo a quarentena, além de supermercados e serviços essenciais que não realizam restrições próprias para segurança dos colaboradores, contendo as contaminações em seus ambientes.
Entre as denúncias, está uma trabalhadora gravida de 6 meses, que afirma não sido liberada do trabalho em uma rede de supermercado na cidade de Foz do Iguaçu, no Oeste do estado. Kewry Melo, de 28 anos, é gestante e explica que não foi dispensada, mesmo após pedir: “Estão liberando quem não bate ponto cartão. Ou seja, eu que bato ponto, mesmo sendo gestante, e o [outro trabalhador que não será identificado] não podemos ser liberados pois temos horas a cumprir”, contou a funcionária.
Ela afirma que já solicitou a liberação várias vezes principalmente por fazer parte do grupo de risco da covid-19, no entanto, a resposta da empresa é que não há nenhuma determinação para isso. “Estou desesperada. Eles não estão nem aí com a saúde dos funcionários, não prezam por isso, afirmam que a empresa não liberou pois não há nada relacionado a isso. Estou com medo. Mesmo assim, não deram ouvidos”, explica.
“Não estão nem aí, dizem que não podem fazer nada”.
Kewry conta que existem outros colegas na mesma situação dela, inclusive em outras redes da cidade, pessoas que teriam doenças crônicas e risco pela idade, mas somente alguns foram liberados.
Outro problema enfrentado segundo a trabalhadora, são os horários. Ela conta que o município decidiu disponibilizar transporte coletivo até às 18h50, mas o estabelecimento encerra as atividades às 20 horas. “Me preocupo como é que meus colegas vão para casa depois de um longo dia de serviço”, conta.
“Tenho 63 anos e diabetes”
Em Londrina, a situação não é diferente, através de outra denúncia, de um trabalhador que preferiu não ser identificado, uma rede de supermercado localizada na Zona Sul da cidade, também não estaria autorizando a licença do funcionário. Com 63 anos, ele tem complicações do coração além de diabetes e conta que já pediu autorização para ficar em casa, mas afirma que não foi autorizado. “Fui ao RH, eles pediram meus exames, mas eles já tem. Então resolvi ir até o médico, mas não consegui fazer exames pois ele não estava atendendo. Não sei o que faço”, diz o idoso.
“Estou apavorada”
Situação parecida com outra denúncia, feita por uma trabalhadora que também não se identificou na cidade de Cambé, na região metropolitana de Londrina: “Há dias estou pedindo dispensa, tenho problemas cardíacos, mas o mercado não está me dispensando. Só tenho pensado no pior, nem consigo trabalhar direito”, desabafa.
“Estamos ao Deus dará”, diz a funcionária.
“Aqui onde trabalho, os donos não estão ligando muito, não temos nem álcool gel, máscaras, luvas, nem controle de clientes. Ontem [quarta-feira, 25] o mercado estava cheio e a gente correndo risco. Estou apavorada”, disse a trabalhadora, que atua em uma rede da área central da cidade.
Sem água
Outro rapaz, que trabalha em uma rede de supermercado de um shopping na região leste de Londrina, conta que os trabalhadores da loja estariam sem acesso à água potável. “Os funcionários costumam utilizar o bebedouro do shopping, mas eles foram desativados. A gente acaba tendo que comprar a própria água”, diz. O rapaz, ainda conta que também pediu liberação, mas não conseguiu. “Tenho psoríase, que é uma doença autoimune, tenho uma imunidade baixíssima, mas não tem muito o que fazer. Estou torcendo para não pegar isso aí”, ao se referir do coronavírus.
Sem normas
Até o fechamento da reportagem, tanto o governador Ratinho Junior (PSD), quanto os prefeitos das cidades citadas na matéria, não haviam publicado qualquer recomendação a ser cumprida pelos estabelecimentos.
Em Londrina, a única determinação é que serviços essenciais não devem receber crianças. O prefeito pediu para que as pessoas escolham apenas uma membro da família para ir ao mercado, regra que não está sendo atendida por boa dos londrinenses.
Redação Tem