‘Bolsonaro tinha um assessoramento paralelo dos filhos’, diz Mandetta
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, revelou durante audiência da CPI da Covid no início da tarde desta terça-feira (4) que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “nunca” o orientou a cancelar as festas de carnaval no ano passado.
Questionado pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE) sobre uma declaração feita em janeiro de 2020, onde Mandetta declara que o coronavírus “preocupa no carnaval”, e o motivo pelo qual as festividades não teriam sido canceladas, o médico explicou que até aquele momento não haviam casos da doença no país.
“A gente seguia nesse momento as recomendações da OMS, que não pediu para fechar os voos da China, as feiras de negócio continuaram a acontecer, e expressamente ela dizia que não era para fazer estrição de movimentação e não havia nenhum caso registrado dentro do Brasil. […] O mundo ainda estava andando”, afirma Mandetta, que lembra que participou do Fórum Econômico Mundial na Suíça em 2020, e “ninguém usava máscara”.
O ex-ministro da Saúde afirmou ainda, de maneira sucinta, que o presidente Bolsonaro não pediu-lhe que cancelasse o Carnaval. Por 5 vezes repetiu a palavra “não” e reiterou, “nunca”.
Alterar bula
O ex-ministro também declarou durante a audiência no Senado que o chefe do executivo Jair Bolsonaro queria que a Anvisa mudasse a bula da Cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra a covid-19, para que ela passasse a ser indicado no tratamento da doença.
Mandetta conta que foi convocado a participar de uma reunião com o presidente, médicos e ministros para propor a Cloroquina, medicamento que segundo ele, “nunca tinha conhecido”:
“Nesse dia, havia sobre a mesa, por exemplo, um papel não-timbrado de um decreto presidencial para que fosse sugerido daquela reunião que se mudasse a bula da cloroquina na Anvisa, colocando na bula a indicação da cloroquina para coronavírus. E foi inclusive o próprio presidente da Anvisa, Barra Torres que disse não”.
Redação Tem com iG Brasil