Ernesto à CPI: Itamaraty atuou por cloroquina e não por vacina

Ernesto admitiu que o ministério não se envolveu nas negociações para a compra da vacina Coronavac.

Imagem: Leopoldo Silva/Agência Senado

O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo afirmou nesta terça-feira (18), em depoimento de cerca de sete horas à CPI da Covid, que o Itamaraty atuou pelo fornecimento de hidroxicloroquina, medicamento que não sem eficácia para o tratamento da covid-19 e ainda admitiu que o órgão não se movimentou para negociar a compra de vacinas.

(Assista ao depoimento abaixo).

Segundo ele, o que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) agiu pessoalmente a fim de viabilizar a importação do remédio, embora o pedido inicial tenha sido feito pelo Ministério da Saúde.

Vacinas

O ex-chanceler assumiu que não comunicou ao presidente Bolsonaro sobre a carta da farmacêutica Pfizer com propostas de venda da vacina contra a covid-19, enviada a membros do governo em setembro de 2020 após três ofertas ignoradas.

Ele justificou que “presumia” que o presidente já tivesse conhecimento da carta, que ficou dois meses sem resposta, segundo o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, e o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten, em suas respectivas oitivas à CPI.

Ernesto também admitiu que o Ministério das Relações Exteriores não se envolveu nas negociações para a compra da vacina Coronavac, vacina chinesa contra a covid-19, durante a sua gestão.

“As vacinas Coronavac estão sendo importadas pelo Instituto Butantan, e as tratativas, segundo entendo, são diretamente entre o Instituto Butantan e os fornecedores chineses, pelo menos durante a minha gestão foi assim”, afirmou Araújo.

Ataque à China

Ao longo de toda a fala aos senadores, Ernesto negou que a sua atuação à frente do Itamaraty tenha colaborado para os problemas que se instalaram no Brasil em decorrência da pandemia do novo coronavírus.

Questionado sobre os conflitos com a China, Ernesto disse rejeitar a ideia de que ocorreram atritos diplomáticos com o maior parceiro comercial do país e produtor de insumos vitais à fabricação de vacinas contra o coronavírus.

Na visão dele, apesar do acúmulo de desgastes e reclamações de parte a parte, não houve rusgas. Em um dos episódios de maior tensão, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República, tentou atribuir culpa à China pela origem da pandemia.

Assista a íntegra do depoimento:

Redação Tem com iG/UOL