Projeto social: 30 crianças recebem graduação em capoeira em Londrina
Evento acontece neste sábado.
Além das aulas convencionais de capoeira nas suas academias e em academias parceiras, o Grupo de Capoeira Maculelê realiza seu projeto social chamado ‘Transformando Vidas’. Nascido literalmente pelas mãos do Mestre Fran, ainda na década de 1980, a ação realiza aulas gratuitas de capoeira, arte, musicalidade e cultura aos jovens de periferia que não teriam condições de praticar capoeira em uma academia, seja pelo custo, deslocamento ou pela simples oportunidade de acesso.
Em Londrina, uma das regiões da cidade que recebe o projeto ‘Transformando Vidas’ é o bairro União da Vitória e seus bairros vizinhos. As aulas, ministradas pela Professora Wolverine (nome de capoeira da professora Fátima do Nascimento, e pelo aluno Jaime Antunes, trabalha com crianças e adolescentes de 3 a 16 anos. Estas aulas são realizadas às terças, quintas e sábados, na ‘Casa de Apoio Madre Gertrudes’ um local já conhecido na região sul de Londrina pelas várias ações sociais que abriga.
Com a presença do Mestre Fran, fundador do grupo que hoje reside nos EUA, o evento ‘Quebrando Correntes’, será realizado neste sábado (12), a partir das 15h. O evento ‘Quebrando Correntes’ é uma espécie de graduação na capoeira, desta vez dos capoeiristas infantis. Crianças e adolescentes que praticam a arte no projeto social e
ainda não tem suas primeiras graduações recebem o chamado ‘batismo’, as que já possuem fazem a chamada ‘troca de corda’, o que os eleva a um grau superior dentro da hierarquia da capoeira.
34 capoeiristas de 3 a 16 anos recebem das mãos dos Mestres Fran e Padeiro, da Mestra Sara, e dos Mestrandos de Capoeira do grupo, as suas cordas de graduação, além de praticarem a capoeira demonstrando o aprendizado até então.
Para acompanhar este que será o primeiro evento aberto ao público do Grupo Maculelê no Brasil desde o início da pandemia, estarão presente convidados especiais das filiais do Grupo Maculelê de outras cidades como Maringá, Francisco Beltrão, Cascavel, Marília e até de outros grupos, como o Grupo Capoeira Brasil de Telêmaco Borba.
O fundador da Associação Cultural de Capoeira Maculelê, Mestre Fran, sua esposa, Mestra Sara e sua filha Professora Dandhara, hoje residem nos Estados Unidos, onde levam a capoeira do Grupo Maculelê também em projetos sociais naquele país. Eles já estão em Londrina e participarão desta cerimônia que é uma das mais importantes do Grupo Maculelê devido ao tempo que tiveram de aulas exclusivamente on-line durante a pandemia. O último evento deste porte foi em 2019, ainda antes da pandemia da covid-19 em todo o mundo.
A capoeira surgiu no Brasil entre afro-brasileiros escravizados, em meados do século XVII. Para se defender dos golpes que recebiam dos capatazes, os cativos passaram a empregar movimentos rápidos para se desviar do chicote e aplicar, com os pés, pancadas no adversário.
Com dança, luta e sendo um símbolo de resistência negra no Brasil durante a escravidão, a capoeira de roda foi reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), órgão da ONU, desde 2014. No documento original de recomendação do registro, o comitê técnico da Unesco destaca que a capoeira nasce da resistência contra a discriminação e favorece a convivência social entre pessoas diferentes.
Em nosso país a capoeira já é reconhecida como patrimônio cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão vinculado ao Ministério da Cultura, desde 2008, fazendo parte como “o conjunto de bens móveis e imóveis existentes no País e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a
fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico”.
Em 07 de Agosto de 1985 foi aprovada a Lei nº 4.649, que oficialmente declarou o dia 3 de agosto como o Dia do Capoeirista. Atualmente a atividade é praticada em mais de 150 países, sendo que somente no Brasil existem mais de 5 milhões de capoeiristas. Dentre mais de uma centena de modalidades desportivas praticadas no Brasil, a capoeira é o único desporto que tem reconhecimento explícito em lei ordinária (Lei n. 12.288/2010), mas nem sempre foi reconhecida. Durante muitos anos, mais precisamente do fim do século XIX até meados do século XX, praticar capoeira no Brasil era considerado um crime, de acordo com a lei “Sampaio Ferraz”, de 1890, três anos após a assinatura da Lei Áurea.
A capoeira só começa a ter uma mudança de figura com Getúlio Vargas, que em 1940 institui o novo Código Penal Brasileiro, no qual não se cita mais a prática da capoeira como crime, à partir daí os capoeiristas puderam finalmente exercer esta arte livremente pelo país. Em 1953, o então presidente anuncia a capoeira como “único esporte genuinamente nacional”. Hoje, a capoeira é um dos principais cartões de visita da cultura brasileira em todo o mundo.
Grupo Maculelê
Nascido em Fortaleza (CE) e criado em São Paulo (SP), Francisco Antônio Rodrigues da Silva, popularmente conhecido como Mestre Fran, chegava em Londrina (PR) em novembro de 1982 para desenvolver o trabalho de difusão da Capoeira no sul do país. Ainda jovem implantou o Grupo de Capoeira Conceição da Praia, que tinha como presidente e fundador, seu Mestre, Ronaldo Luís de Lima, conhecido como Mestre Bradesco que permanecia em São Paulo, onde lhe ensinou os primeiros passos da capoeira.
Alguns anos se passaram até que retornando de uma viagem à Salvador (BA), onde teve profundas experiências com as origens da capoeira, Mestre Fran convocou os integrantes do Grupo e fundou a Associação Cultural de Capoeira Maculelê.
A Associação Cultural de Capoeira Maculelê existe desde 1991 e divulga a capoeira com o desenvolvimento de ações culturais e esportivas. A associação não tem fins lucrativos e seu projeto social atende crianças carentes do Jardim Santa Fé, União da Vitória e Jardim Piza em Londrina.
Redação Tem com Assessoria