É importante brincar o Carnaval, mas também é bom jogar o lixo no lixo
Editorial - Tem Londrina
Sem dúvidas, este foi um dos maiores carnavais de Londrina, confirmando que os londrinenses amam essa festa popular e fazendo o alerta sobre a carência de bons eventos abertos ao público, como ocorre, por exemplo, em várias cidades da nossa região metropolitana.
Só no primeiro dia de evento aberto, no trio elétrico que saiu do Zerão até o Aterro, cerca de 25 mil pessoas participaram da festa. Um recorde para a folia na cidade. Outras bandas e grupos locais também movimentaram a folia, contando com a participação de crianças a idosos. Famílias inteiras curtindo a maior festa popular brasileira.
Pequenos blocos também surgiram timidamente por toda a cidade, e provaram que se houver auxílio do poder público e de empresários, Londrina pode se tornar um pólo de carnaval da região e ajudar movimentar ainda mais a economia desta época do ano.
Apesar da linda festa que arrastou multidões, nós temos que falar sobre uma atitude que não pode passar despercebida: a sujeira dos espaços públicos. Não podemos permitir que os espaços públicos se tornem verdadeiros lixões a céu aberto e apaguem o brilho de uma festa histórica.
É preciso colocar o dedo na ferida e perguntar: você participou da festa carnaval de Londrina? Onde colocou o seu lixo? Em pleno século XXI, encontrar imagens como essa (divulgada acima) é inadmissível. Ainda mais porque estamos lidando com jovens e adultos.
Lixo encontrado na zona oeste, próximo ao Lago Igapó – Foto: Reprodução/WhatsApp
Ainda que exista uma falha por parte do poder público em não disponibilizar um maior número de lixeiras, mesmo sabendo da existência de um grande evento no local, a falta de educação, certamente, é o fator que precisa ser considerado. Lugar de lixo é na lixeira, se não tem lixeira, não é no chão que se joga a sua sujeira.
Infelizmente, este é um problema difícil de ser corrigido, afinal, é uma questão de cultura, de educação. Se a pessoa se tornou um adulto ou mesmo um jovem, que não vê problemas em jogar no chão um simples ‘papelzinho’, também não verá problema em jogar uma sacola, um copo, entre outros objetos maiores que poluem e sujam o meio ambiente, além de deixar claro, que lhe faltou educação quando era criança. Na maioria das situações, a responsabilidade por se tornar um adulto ‘sujão’ foi dos pais, da escola, da mídia, etc; que não soube ensiná-lo quando era uma criança.
Cabe, nessa altura do campeonato, minimamente conscientizar as pessoas ou, se caso for, aplicar a lei. Em Londrina, é curioso que se o cidadão for flagrado bebendo na rua após às 22h ele será multado, mas e se jogar lixo no chão? Existe uma lei municipal para puni-lo. Você já viu alguém ser multado por isso? Há uma inversão de valores, claro. Onde estava a fiscalização para os ‘sujões’? A prefeitura afirmou que no primeiro dia de carnaval aplicou mais de 15 multas em quem foi flagrado bebendo na rua. E os ‘sujões’? Quantos foram multados? E voltamos a lembrar, por mais que a responsabilidade do lixo jogado no chão seja do indivíduo, a prefeitura também teve seu papel ao não aumentar o número de lixeiras distribuídas nos espaços públicos em que grandes eventos foram realizados. Aliás, eventos particulares que utilizam o espaço público, nesse caso, também são responsáveis pela sujeira e a falta de limpeza do local, já que o Portal recebeu várias denúncias de lixos descartados próximo a Zona Oeste, onde teria sido realizada uma festa organizada por uma boate que fica próxima ao Lago Igapó, na Avenida Faria Lima. Se parte dos participantes faltaram com a educação, a empresa não poderia cometer o mesmo erro.
No domingo, Aterro do Igapó teve público recorde – Foto: Balanço Geral
Londrina carece de bons eventos públicos como foi o caso deste carnaval. São importantes para a economia e até para o desenvolvimento humano e o acesso à cidade por parte dos cidadãos. É uma etapa da promoção de cidadania e deixa a vida mais leve, afinal, um povo guerreiro e trabalhador, também merece momentos de alegria e descontração. Já dizia o samba de Dorival Caymmi: “Quem não gosta do samba bom sujeito não é, ou é ruim da cabeça ou doente do pé”. E por isso, não podemos dar motivos para aqueles que defendem o fim desta festa.
Esperamos que Londrina enxergue com bons olhos esse importante momento e que nos próximos anos, haja maior investimento e participação, para abrilhantar ainda mais a nossa festa popular brasileira, de reconhecimento mundial. Porém, também não deixemos o básico de lado: jogar o lixo no lixo.
Redação Tem