Prova PSS: ‘governo está indo contra o que ele prega’, dizem professores

Professores estão com medo de fazer prova presencial durante a pandemia. Em Londrina, são quase 3 mil inscritos; no Paraná, 39 mil.

Foto: Denny Cesare

Professores que dão aula no estado pelo Processo Seletivo Simplificado, popularmente conhecido pela sigla PSS, estão com medo. Isso porque eles precisarão fazer uma prova presencial no próximo domingo, dia 10, como forma do processo de seleção para a nova contratação dos docentes.

O TEM foi procurado por inúmeros professores que se disseram contrários a realização de uma prova presencial em pleno período de pandemia. “Eu não tenho nenhum problema com a prova em si, mas sim com o fato de o governo nos obrigar a aglomerar durante a pandemia, é muito errado. O governo está indo contra tudo que ele prega. Quer que a gente fique em casa, faça isolamento social, mas, na hora de contratar, ele obriga os professores a fazerem uma prova que vai causar aglomeração. Não tem sentido”, comenta o professor de ciências Rodolfo Gaspar.

“Não estou com medo de fazer a prova por não ter conhecimento, mas sim
porque tenho medo de pegar essa doença [a covid-19]. Sou viúva, crio meus filhos sozinha, e se eu pego covid e morro, quem vai cuidar deles?”, questiona a professora Joaquina Aparecida Martins que trabalha como PSS há dez anos.

Além de colocarem a vida em risco, os professores que moram fora de Londrina precisarão gastar com deslocamento para fazer a prova, já que ela só será aplicada nas cidades sede dos Núcleos Regionais de Educação (NRE). “É um absurdo o governo querer que a gente vá realizar essa prova, já tivemos que pagar inscrição, e ainda teremos que nos deslocar”, disse.

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Eu vou fazer porque preciso trabalhar, mas estou com muito medo”, complementa professora.

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A professora Mária Rutzatz, que atua pelo PSS há 11 anos, diz se sentir desmotivada com a falta de valorização profissional. “Nós, enquanto professores, não temos valor para esse governo. Se ele valorizasse os professores não os colocaria em um risco tão grande”, afirma.

Movimentação contrária

A APP Sindicato, entidade que representa os professores estaduais, se manifestou totalmente contrária a realização da prova presencial para os professores PSS. A entidade questiona a necessidade de aplicação de prova presencial durante período de crescimento dos números da covid-19 em todo o estado. Além disso, “esta prova infringe o caráter temporário de contratação e burla à regra geral do concurso público. Prova tem quer ser para concurso público”, informa o presidente da APP em Londrina, Márcio André Ribeiro.

Nesta quarta-feira (06), a APP protocolou uma ação judicial contra a prova PSS, alegando ilegalidade no processo. O estado tem três dias para se manifestar.

Resposta do NRE de Londrina e da SEED

Segundo a chefe do NRE de Londrina, Jéssica Pieri, 11 escolas estão sendo preparadas para servirem de locais de prova aos docentes. Questionada sobre as condições de segurança para a realização dessas provas, Pieri afirmou que “estamos preparados para atender a todos os candidatos, respeitando todos os protocolos exigidos pela secretaria de saúde contra a covid 19”.

Já sobre a necessidade da realização de uma prova presencial em pleno período de pandemia, a chefe do NRE informou que essa pergunta deveria ser repassada à Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed).

Em contato com a assessoria de imprensa da SEED, o TEM foi informado de que no NRE de Londrina são 2.969 candidatos aptos a realizarem a prova. E que “a prova visa aprimorar o processo de seleção dos profissionais da rede”.

Sobre os riscos de contaminação aos candidatos, a Seed afirma que “a aplicação seguirá protocolo de prevenção do Cebraspe (empresa responsável pela prova) aprovado pela Secretaria de Estado da Saúde de forma a garantir que a seleção ocorra com segurança para candidatos e equipes de aplicação. Entre as medidas tomadas, estão a higienização prévia dos locais de prova e disponibilização de álcool em gel para manuseio de objetos e nos locais de circulação. Será obrigatório o uso de máscara, e todos os candidatos e funcionários vão passar por verificação de temperatura na entrada”.

Além disso, ainda segundo a SEED, a taxa de ocupação das salas deverá ser reduzida, o uso de aparelhos de ar condicionado está proibido e os candidatos foram divididos em quatro grupos com horários de entrada distintos.

Nota da SEED na íntegra:

A prova vinha sendo debatida ainda em 2019 e só não ocorreu naquele ano em virtude de um acordo com representantes dos professores. Para o processo de 2020 (agora já em 2021), continuam a fazer parte do processo seletivo a prova de títulos e o tempo de serviço – mesmos critérios utilizados em anos anteriores. A novidade é a prova que visa aprimorar o processo de seleção dos profissionais da rede. A nova seleção valoriza profissionais experientes e ao mesmo tempo abre novas oportunidades.

Sobre os riscos citados, a aplicação seguirá protocolo de prevenção do Cebraspe (empresa responsável pela prova) aprovado pela Secretaria de Estado da Saúde de forma a garantir que a seleção ocorra com segurança para candidatos e equipes de aplicação. Entre as medidas tomadas, estão a higienização prévia dos locais de prova e disponibilização de álcool em gel para manuseio de objetos e nos locais de circulação. Será obrigatório o uso de máscara, e todos os candidatos e funcionários vão passar por verificação de temperatura na entrada. Os candidatos também vão receber orientações para o distanciamento social na chegada, e as carteiras terão espaçamento mínimo de 1,5 metro.

Visando garantir o distanciamento físico, de 1,5m entre os candidatos em sala, a taxa de ocupação dos espaços físicos foi reduzida de acordo com as dimensões e a quantidade de carteiras existentes nas salas. Foram selecionados locais com amplas janelas para favorecer a circulação de ar. As janelas deverão permanecer abertas durante todo o período de aplicação de provas, condicionada aos fatores climáticos. O uso de aparelhos de ar condicionado foi proibido. Além disso, em cada sala será informada a capacidade máxima do espaço e o quantitativo de pessoas alocadas naquele ambiente.

Sobre a entrada por grupos, o Cebraspe organizará a entrada escalonada dos participantes e colaboradores para evitar qualquer tipo de aglomeração. O Centro dividirá os candidatos em 4 grupos, com horários de entrada distintos, que são informados aos respectivos candidatos na consulta de local e horário das provas. Desse modo, cada grupo de candidatos chegará no local de prova em um intervalo de tempo, diluindo a circulação de pessoas no local de aplicação e evitando aglomerações.

Fiama Heloisa - Redação Tem