Eleições 2020: conheça as propostas de Carlos Scalassara para Londrina

Carlos Scalassara responde as perguntas do TEM.

Foto: Reprodução/Assessoria

Portal Tem Londrina iniciou, nesta segunda-feira (26), a publicação das entrevistas com os candidatos a prefeito da cidade. Hoje (29), quem responde as perguntas da equipe TEM é Carlos Scalassara (PT). O candidato compõe chapa tendo como vice Isabel Diniz. Leia a entrevista:

Como o senhor avalia as medidas adotadas para conter o avanço da dengue e do coronavírus na cidade? Caso discorde, o que o senhor faria diferente?

Em relação a dengue, a administração deveria ter conseguido mobilizar a população como parceira na luta contra o mosquito Aedes Aegypti, envolvendo as comunidades, como todas as igrejas, as pastorais, associações de moradores, sindicatos e demais segmentos da sociedade. Deveria ter envolvido efetivamente as escolas públicas e privadas em ações educativas comunitárias, que repercutissem junto às famílias, mobilizando-as.

Outras ações do poder público seria ter garantido equipes básicas completas de prevenção, dando a elas a estrutura operacional necessária para o controle do mosquito. Como prefeito essas serão minhas atitudes.

Em relação à covid-19, avalio que as medidas adotadas mostraram que o atual prefeito governa ouvindo e privilegiando o segmento econômico, em detrimento dos cuidados com os que mais precisam. Quando foi tomada a primeira decisão de reabrir o comércio, em um momento decisivo para o controle da pandemia no município, essa medida não veio acompanhada dos cuidados necessários para a proteção da população, como evitar as aglomerações no transporte coletivo e realizar antes uma campanha educativa para o uso de máscaras e outros procedimentos. A precipitação foi decorrente de ouvir as pressões empresariais, relegando precauções orientadas pela OMS.

Eu teria feito um número maior de testes para covid-19, especialmente no início da pandemia. A testagem auxiliaria no diagnóstico, e com este, no isolamento social das pessoas em casa, e também na sociedade, evitando a propagação do vírus e novos casos, internações, sofrimento e até óbitos.

O que faria, e farei como prefeito, é criar um mecanismo/canal de voz e decisão incluindo os usuários e também dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde, representação de moradores, sindicatos de trabalhadores, além de comerciantes, grandes e pequenos, e empresários. É necessário que a decisão seja técnica, mas também seja popular, pois é a população que é afetada pela covid-19. É importante ouvir órgãos técnicos como o COESP, mas igualmente o cidadão que usa o transporte, que usa o SUS, para garantir o engajamento de todos nas decisões tomadas.

Outro ponto é a desarticulação da saúde preventiva na cidade. Estamos sofrendo pelo funcionamento precário do sistema de saúde, por falta de pessoal e equipes que cuidem da saúde das famílias. Componentes de equipes têm que correr atrás de demandas, ficando em segundo plano as ações de prevenção.

Como gestor, fortaleceria e fortalecerei as Unidades Básicas de Saúde – UBS, com Estratégia Saúde da Família para 100% da população e equipes de saúde completas, com médico, enfermeiro, técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde e inclusive serviços de saúde bucal. A prevenção é fundamental.

Também teria e terei uma preocupação maior com os setores sociais que sofreram e sofrem muito com a pandemia. As ações de assistência a estes setores sociais, mais vulneráveis foi muito tímida por parte da prefeitura.

Reajuste do IPTU: Qual a sua opinião sobre como foi feito o último reajuste? E, caso seja eleito, como esse assunto será tratado em seu governo?

Os londrinenses sentiram no orçamento familiar que Londrina tem um dos o IPTUs mais alto do Brasil. O que elevou o IPTU de Londrina acima dos demais foi o reajuste promovido pelo prefeito em 2018, depois de aprovado pela atual Câmara de Vereadores no final de 2017. Houve aumentos abusivos, de 400% até 1000%.

Como advogado e cidadão, entendo que foi um aumento além da conta, que gerou dificuldades no orçamento das famílias e o endividamento delas. Isso está errado porque os impostos devem levar a condição econômica das pessoas em consideração.

Tenho uma proposta simples para que os impostos sejam tratados com respeito ao cidadão: como prefeito, vou criar um CONSELHO DE POLÍTICA FISCAL, com participação popular. Representantes de moradores, representantes do comércio, indústria e dos trabalhadores terão lugar nele para discutir e definir critérios justos para os impostos municipais.

 Qual a sua proposta para a população em situação de rua em nossa cidade?

A desigualdade e a pobreza em Londrina aumentaram muito e um reflexo disso é o aumento da população de rua. Foi durante os governos do PT que Londrina desenvolveu importantes ações no atendimento à população de rua, com melhorias na ação das entidades sociais e a implantação de Serviços como o Sinal Verde, que aborda profissionalmente as pessoas em situação de rua. Atualmente o Sistema Único de Assistência Social tem serviços, como o Pop Rua, que carece de mais estrutura e mais trabalhadores. Vamos investir nesses serviços e ampliar as parcerias, para garantir dignidade às pessoas que estão nas ruas.

 Qual a sua opinião sobre a lei municipal que ficou conhecida como “Lei Seca”?

Existem duas questões importantes quando se trata desse tema. A primeira é a “Lei Seca” como medida adotada agora, no período da pandemia, prevendo penalidades para quem for pego consumindo bebidas alcoólicas em estabelecimentos, sejam restaurantes, bares, lanchonetes, lojas de conveniências, padarias e outros.

Penso que medidas como essas devem ter critérios técnicos que as exijam e que tais critérios não sejam unilaterais, ou seja: que enquanto alguns fatores que geram risco durante a pandemia resultem em atitudes de privação da vida social e outros não. Vejo, nas atitudes tomadas pelo prefeito em Londrina certa incoerência e unilateralidade. Espero que não tenham se originado da tentativa de fazer parecer que se toma atitudes necessárias.

A outra questão é que em Londrina, uma vez vencida a pandemia, o que desejamos que aconteça brevemente, é importante dar flexibilidade ao aproveitamento de calçadas por bares e lanchonetes, o que, feito de modo inteligente e nos locais certos, leva ao aproveitamento da cidade pelas pessoas, ativando comércio e turismo.

O senhor usaria o transporte coletivo em Londrina? Qual a sua proposta para melhorar o serviço?

Sim, eu usaria, como já fiz inúmeras vezes em minha vida. Mas desejo qualidade ao nosso transporte coletivo. Uma das melhorias, que seria muito bem-vinda, seria a gratuidade do transporte, o que parece ser um sonho possível, investindo-se de outro modo o que empresas privadas e o município investem no sistema. Sendo Prefeito, eu estudaria com carinho essa perspectiva e a tenho como meta.

Em termos de melhoria para o cidadão, penso que devemos aproveitar o avanço tecnológico, com a utilização de aplicativos que permitam, por exemplo, o acompanhamento de horário e trajeto dos ônibus pelos usuários, e ter pontos de parada e veículos confortáveis, que ofereçam proteção.

Como o senhor pretende desenvolver a questão da geração de emprego e renda caso seja eleito?

Nós propomos investir em dois grandes eixos de desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda, baseados em potenciais que Londrina já aponta, mas precisam ser incentivados, motivados e qualificados.

Londrina tem enorme potencial para a economia criativa, aquelas atividades em que boas ideias podem gerar negócios promissores e renda para muitas pessoas. São exemplos a moda e o vestuário; o artesanato e peças de decoração; as atividades variadas de lazer e turismo; a criação de vídeo, cinema, teatro, música e outras artes; a gastronomia; os festivais e mostras culturais etc.

Temos muitos artistas criando; cursos técnicos e universitários de arte, comunicação, teatro, moda, design, arquitetura, culinária, cinema e vídeo e publicidade e propaganda, que podem ajudar a qualificar os produtores e os produtos. Propomos o fomento e incentivo organizador do poder público, através de incubadoras, propiciando condições para produção, exposição e comercialização.

O outro eixo é a agricultura familiar e os produtos e mercados diferenciados que pode gerar. O município de Londrina tem 4.084 propriedades rurais. A grande maioria é de pequenas propriedades. São 1.878 propriedades até 12 ha. Outras 1.653 tem área entre 12 e 48 ha. Temos 2.462 agricultores familiares trabalhando a terra no município, praticando a horticultura, o cultivo de grãos, a avicultura de corte e a produção de leite. Esse é um grande potencial para o desenvolvimento econômico e a qualidade de vida em Londrina.

Propomos um PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR, baseado em:

– Incentivo à produção de alimentos seguros e certificação orgânica;

– Ampliação da qualidade da merenda escolar com essa produção;

– Implantação de barracões ou feiras do produtor nas diversas regiões da cidade para o acesso da população à produção;

– Incentivo para que grandes empresas estabeleçam parcerias com os produtores de alimentos, em benefício de seus empregados;

– Apoio para pequenos e médios produtores se organizarem em associações e cooperativas e melhorarem a infraestrutura de produção;

– Ação e apoio para melhoria das moradias e estradas rurais;

– Acesso aos serviços de saúde, educação, cuidados sociais e cultura;

– Provimento de internet de qualidade e orientação para uso das tecnologias da informação no desenvolvimento da produção e industrialização de alimentos.

Além desses potenciais que já temos aqui, precisamos de um zoneamento abrangente e criativo, que gere oportunidades para a produção, atraindo empresas. Organicamente, uma grande empresa gera vários outros pequenos negócios. É necessário criar viabilidade para que grandes empresas se instalem e desenvolvam em Londrina.

Ter o município uma eficiente instituição de ciência, tecnologia e inovação é fundamental para articular o potencial tecnológica de Londrina. Promover o acesso à banda larga, bem como aos recursos em geral da internet, para todos os cidadãos, é fator decisivo de inclusão social e desenvolvimento econômico, nas suas mais variadas esferas.

Caso seja eleito, qual importância a Lei de Acesso à Informação e a Transparência terão no seu governo?

Toda importância! São conquistas democráticas! É fundamental governar possibilitando transparência e acesso à informação. Essas conquistas se confundem com minhas lutas e a de governos de meu partido, o PT, para a clareza e a democracia na gestão pública.

É importante afirmar que a Lei de Acesso à Informação foi feita durante governos petistas. Foi por meio desta lei que os Estados, Municípios e a União passaram a ter os Portais da Transparência e acesso informação com linguagem cidadã para que todos e todas pudessem saber o que acontece em cada ente público.

Eu, por exemplo, pretendo fortalecer a participação propositiva e deliberativa dos conselhos em minha gestão. E pretendo também assegurar espaço para a participação comunitária, em iniciativas de parcerias que melhorem a qualidade de vida. As gestões públicas devem ser abertas.

Redação Tem