Defesa de lutador contesta inquérito de legítima defesa em briga com PM

Inquérito apontou que policial agiu em legítima defesa ao atirar no lutador durante briga em bar de Londrina.

Imagem: Reprodução/TemWhats

A defesa do lutador de artes marciais David Silveira contestou a conclusão do inquérito da Polícia Civil (PC) de Londrina que apontou legítima defesa na ação do policial militar Rafael Rodrigues, que atirou contra ele durante uma briga em um bar no Centro da cidade, no dia 23 de agosto.

Em nota (leia abaixo), o advogado Alison Camargo Silvestre repudiou a tentativa de enquadrar o disparo como legítima defesa e classificou a reação do policial como “violenta e desproporcional”. Ele afirma que depoimentos colhidos no próprio inquérito relatam que Rafael e seus amigos teriam assediado funcionárias do estabelecimento e ofendido a namorada de David, chamando-a de “vagabunda”.

lutador londrina
Imagem: Reprodução/RPC

Ainda segundo a defesa, a agressão física do lutador teria ocorrido somente após o policial tentar lhe dar uma cabeçada. “O disparo foi um ato inaceitável contra um cidadão desarmado, que ficou em risco de vida e precisou passar por cirurgia de colostomia”, destacou o advogado.

Conclusão do inquérito

Apesar das alegações, a Polícia Civil concluiu que o PM agiu em legítima defesa. Segundo o relatório, imagens de câmeras de segurança mostram David agredindo o policial com socos. Ambos caíram em uma escada sem cobertura de vídeo, momento em que ocorreu o disparo.

A investigação descartou tentativa de homicídio e indiciou Rafael Rodrigues por lesão corporal grave. O caso agora será analisado pelo Ministério Público, que poderá manter a tipificação apontada pela polícia ou oferecer denúncia com outro enquadramento, caso entenda que houve excesso no uso da força.

David segue internado e deve ser submetido a nova avaliação médica em até 180 dias, prazo que definirá se o caso poderá receber agravantes devido a possíveis sequelas permanentes.

Leia a nota da defesa na íntegra:

A defesa de David Lima Silveira repudia veementemente a tentativa de caracterizar como legítima defesa o ato violento e desproporcional praticado pelo policial militar Cabo Rafael Rodrigues, que resultou em lesões corporais de natureza grave e risco de vida para David. Esclarecemos que, conforme depoimentos contidos no inquérito policial, a ação de David foi uma reação a uma série de provocações e assédios iniciados pelo policial e seus amigos. Testemunhas confirmaram que o grupo de Rafael assediou funcionárias do estabelecimento e que o policial dirigiu palavras de baixo calão à namorada de David, chamando-a de “vagabunda”. Alison Camargo Silvestre A agressão física partiu de David somente após o policial militar tentar agredi-lo com uma cabeçada, sendo um ato reativo a uma ofensa direta e à honra de sua companheira. O que se seguiu foi uma resposta inaceitável e criminosa: um disparo de arma de fogo na região abdominal de David, um cidadão desarmado. É fundamental destacar que a própria vítima afirma não ter sido informada de que Rafael era um policial antes do disparo. A alegação de que o policial se identificou é controversa e contestada por testemunhas. O laudo de lesões corporais é claro ao apontar a gravidade da lesão, que submeteu David a risco de vida e a uma cirurgia de colostomia terminal. Ele não é o agressor, mas a vítima de uma tentativa de homicídio. Alison Camargo Silvestre O próprio relatório da autoridade policial conclui que, embora a autoria do disparo seja incontestável , persistem dúvidas sobre a alegada legítima defesa, indicando a possibilidade de excesso doloso ou culposo a ser avaliado pelo Ministério Público. As imagens das câmeras de segurança, por sua vez, não registraram o momento do disparo nem a suposta queda do policial, sendo inconclusivas para sustentar tal versão. A defesa de David Lima Silveira confia na apuração rigorosa do Ministério Público, titular da ação penal, e tomará todas as medidas cabíveis para garantir que a justiça seja feita e que o policial militar Rafael Rodrigues responda criminalmente por seus atos.

Redação Tem Londrina