Acusado de matar trans em Londrina vai recorrer da pena em liberdade

Homem foi condenado a nove anos de prisão, mas já cumpriu três. Outros dois acusados ainda vão a julgamento.

Imagem: Arquivo pessoal

O Tribunal do Júri de Londrina, após mais de dez horas de julgamento, sentenciou o réu José Mauro Lopes da Silva a 9 anos e 15 dias de prisão, por participação no homicídio de Scarlety Mastroiany e lesão corporal contra Bianca Duarte. No entanto, considerando a progressão, a pena foi reduzida para seis anos em regime semiaberto — já que cumpriu três anos —, ele poderá recorrer da decisão em liberdade.

O júri não classificou o homicídio como qualificado, além disso, desclassificaram a tentativa de homicídio de Bianca, determinando apenas como lesão corporal. Durante o julgamento, o réu negou ter matado Scarlety e culpou os outros dois rapazes que estavam com ele no dia do crime. Mas, segundo o assistente de acusação, José teria cometido o crime por ter ficado irritado com os estragos praticados pelas vítimas contra o seu veículo.

Imagem: Reprodução/TJPR

A maioria dos jurados acompanharam o entendimento da defesa e reduziram a pena do acusado.

A sentença desagradou familiares, amigos e movimentos sociais que acompanhavam o julgamento e esperavam uma pena maior, tendo em vista a brutalidade do crime. O Observatório de Feminicídios de Londrina, também questionou a decisão, e deve divulgar uma nota oficial em breve.

O caso vem recebendo a classificação social de transfeminicídio, já que Scarlety e Bianca eram mulheres trans e foram atacadas violentamente por desconhecidos na avenida Leste-Oeste, em virtude da transfobia (sentimento discriminatório contra pessoas transgênero).

Relembre o caso

Os crimes aconteceram na madrugada de 10 de dezembro de 2018, na Avenida Leste-Oeste, em Londrina. O réu agiu na companhia de outros dois homens, Kenny Roger Fioravante Pereira e Anderson Aparecido dos Santos Pires, que serão julgados em outra oportunidade. O processo original, com três acusados, foi desmembrado para que José Mauro, o único que se encontra em prisão preventiva, seja julgado com maior celeridade.

Segundo a acusação, eles atacaram gratuitamente as duas com socos, pontapés e facadas. Bianca conseguiu fugir e se esconder. Scarlet, infelizmente, foi assassinada pelo réu e abandonada em via pública.

Imagem: Reprodução/PMPR

Crimes contra trans no Brasil

Segundo o dossiê publicado em Janeiro de 2022 pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), 140 pessoas trans foram assassinadas no Brasil em 2021, sendo 135 travestis e mulheres transexuais e 5 homens trans e pessoas transmasculinas.

Imagem: Reprodução

Ainda de acordo com o Néias, 81% das vítimas travestis ou mulheres trans assassinadas eram pretas ou pardas.

Redação Tem