Advogada explica a melhor forma para vítimas de abuso fazerem denúncias virtuais

Especialista dá dicas para que mulheres vítimas de violência sejam resguardadas pela lei durante denúncias.

Maioria das vítimas acaba não formalizando a denúncia – Foto: Reprodução

De tempos em tempos surgem hastags denunciando agressões contra mulheres na internet, já passamos por #meuprimeiroassédio #meuamigosecreto e recentemente surgiu a #exposed, que chegou a colocar Londrina nos trendings topics do Twitter no Brasil.

A advogada especialista em direito das mulheres, Jéssica Hannes, explica que embora as mulheres tenham ganhado voz nos últimos anos, a maioria delas não procuram formalizar a denúncia. “Elas não fazem uma denúncia formal, por acharem que não vão acreditar no relato delas ou então que talvez não exista punição para aquele tipo de atitude e em outros casos, também, por medo do que as outras pessoas vão pensar sobre ela”, explica a advogada.

Ela ainda afirma que “muitas outras mulheres também não sabem reconhecer que aquilo que a vítima passou é um tipo de abuso” diz.

Para a especialista este tipo de movimento que é importante, pois levanta o debate na sociedade e gera coragem para muitas mulheres realizem as denúncias. “As mulheres acabam tendo coragem de relatar o que sofreram pela primeira vez, gerando um efeito terapêutico importante para elas, além de servir como estímulo para que outras também denunciem e rompam com a cultura do silêncio. Quando identificamos que outra pessoa passou pela mesma situação que a gente, isso dá coragem, isso empodera, e ajuda outras a reconhecerem que aquilo que ela viveu não é normal”, explica.

Apesar da importância das denúncias na web, a advogada afirma que existem alguns cuidados, para que a denúncia não se vire contra a própria vítima. Ela explica que alguns cuidados devem ser tomados pelas denunciantes e que a melhor maneira é também, formalizar a denúncia de forma judicial: “O direito trabalha com o direito da livre manifestação, mas também com o direito à honra, a imagem. Por isso, quando se faz um relato sobre algum tipo de violência na internet, as mulheres precisam seguir algumas dicas jurídicas, para evitar um possível processo. Sendo elas: não expor nome e foto do agressor; se tiver provas do que ocorreu, apagar tudo que possa identificar o mesmo, como número de telefone, local de trabalho, entre outros”, afirma.

“Tudo que a vítima descrever que possa identificar o agressor é um risco. Aconselhamos as mulheres priorizar a descrição do que ocorreu, mas sem esses detalhes, que devem ser utilizados na Justiça. Assim, a vítima pode relatar o que sentiu, o que fez depois disso, se teve alguma consequência psicológica ou como lidou com isso”, explica a especialista.

“Exemplo: se for um professor de uma universidade específica, e a vítima precisa por no seu relato esse fato, diga só que ele é professor universitário, sem especificar de qual matéria ou universidade. Se foi um médico, também não detalhe a especialidade. Se for um ex-namorado, tente não deixar claro qual deles”, isso pode acarretar em um processo contra a própria vítima e as informações íntimas, devem ser levadas à Justiça, conta a advogada.

Segundo a especialista, é importante manter a calma, mesmo que seja difícil. “Não xingar ou ofender o agressor, por mais difícil que seja, é importante também.

“É relevante lembrar que as mulheres que se sentirem encorajadas a fazer a denúncia formal, devem procurar a Delegacia da Mulher em Londrina, que fica na localizada na Rua Almirante Barroso, nº 107 ou pelo número (43) 3322-1633. Caso a vítima ainda não se sinta a vontade, também deve procurar ajuda psicológica para se fortalecer e realizar a denúncia”, diz.

Redação Tem