Médica é afastada por cobrar até R$ 9 mil de pacientes para furar fila do SUS no Paraná

Operação Mustela - fura fila SUS
Foto: Marcelo Casal Jr/ABR

Uma médica que atuava no Hospital Angelina Caron, no município de Campina Grande do Sul, na Grande Curitiba, foi afasta depois de uma denúncia criminal, oferecida pelo MPPR (Ministério Público do Paraná).

Segundo a denúncia, a médica cobrava até R$ 9 mil reais dos pacientes para priorizar atendimento e procedimentos realizados pelo  SUS (Sistema Único de Saúde).  Pelos menos 7 pessoas foram vítimas da médica, todas elas idosas.

A decisão da Justiça é da última sexta ( 11) e resulta de investigações da Operação Mustela, deflagrada pelo MPPR em dezembro de 2018 , que trata da prática criminosa no SUS em diversas cidades paranaenses.

Segundo a denúncia, a médica fazia a mediação das cobranças aos pacientes com a ajuda de uma ex-servidora comissionada da Prefeitura de Francisco Beltrão e de um ex-assessor comissionado da Assembleia Legislativa do Paraná.

O político José Carlos Martins, o Zé Mano, é vereador pelo PPS no município de Bandeirantes (PR) e também participava do esquema de fraude.

Eles usavam  de sua posição política para obter aprovação pública e furar a na fila do SUS favorecendo pacientes que pagavam pelos procedimentos, entre os anos de 2016 e 2018.

Além dos agentes públicos, foi denunciada também uma outra mulher que fornecia dados da sua conta corrente para as transferências bancárias.

Operação Mustela

No Paraná, fraude para furar fila do SUS envolveu mais de R$ 100 mil até agosto. A operação, batizada de Operação Mustela, é  uma alusão aos mamíferos que inclui animais conhecidos como furões.

O esquema criminoso começou a ser investigado pelo Ministério Público em 2017. A partir de depoimentos de vítimas e informações obtidas por meio de interceptação telefônica e quebra de dados, a Operação Mustela foi deflagrada em dezembro de 2018, com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado.

“A situação que ocorre é que as pessoas que vão até o SUS são atendidas em uma certa ordem e, eventualmente, essa ordem é alterada de acordo com a urgência desse atendimento. As pessoas que normalmente seriam atendidas acabam procurando ou procuradas por intermediários e conseguem, com seus contatos com médicos, furarem a fila em prejuízo de todos os demais. Como eles furam a fila? Eles furam a fila pagando”, explica coordenador do Gaeco ( Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado)  no Paraná, Leonir Batisti.

Investigação

A médica e outros quatro agentes públicos foram denunciados pelo crime de concussão (exigir vantagem em razão da função que exerce). Além do afastamento da médica, a decisão, proferida pela Vara Criminal de Campo Largo, impôs a proibição de os réus em manter qualquer contato com as vítimas.

À época, foram cumpridos mandados de buscas e apreensão e de prisão temporária contra alguns dos envolvidos. Médicos de outro hospital, de Campo Largo, já foram afastados das funções no SUS em decorrência de várias denúncias oferecidas pelo MPPR.

Defesa

O Hospital Angelina Caron emitiu uma nota informando que ainda não foi notificado formalmente sobre a decisão do Ministério Público de afastar das atividades a médica acusada de efetuar cobranças indevidas de pacientes. A nota diz ainda que após consulta ao processo, suspendeu os atendimentos realizados pela médica, de acordo com a decisão judicial. O Hospital tomará as providências necessárias para o cumprimento da decisão.

Até o fechamento desta matéria não conseguimos contato com o vereador José Carlos Martins (PPS), o Zé Mano, do município de Bandeirantes, norte Paraná. O vereador foi preso temporariamente no início da Operação Mustela, em dezembro de 2018.

Redação Tem com Portal Paraná



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