Excesso de algas pode oferecer perigo à vida aquática do Lago Igapó
Especialistas apontam que situação exige atenção, mas sem alarmismo. Sema estuda intervenções no local.

A mudança recente na coloração das águas do Lago Igapó 2, que ganharam tom verde-escuro, levou a Prefeitura de Londrina e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) a intensificarem o monitoramento do local. Coletas recentes apontaram índices ruins de qualidade da água, principalmente pelo aumento do nível de fosfato, o que pode indicar o início de um processo de eutrofização, que ocorre quando o conjunto de algas cresce e provoca a redução de oxigênio nas águas.
Segundo os especialistas, o fenômeno pode ser decorrente de vários fatores agregados, incluindo o próprio processo biológico ao longo do tempo envolvendo clima e poluição, o atual período prolongado de seca de chuvas e as altas temperaturas, gerando a redução do volume de água, com maior incidência direta de luz solar e a ampliação de nutrientes que tornam a matéria orgânica mais proeminente. Outros fatores externos como ventos ou mesmo vazamentos clandestinos de esgoto também são considerados.
O secretário municipal do Ambiente, Gilmar Domingues, disse que a situação exige cautela. “As informações trazidas pelos especialistas são valiosas e nortearão os próximos passos. É necessário evitar riscos maiores por essa eutrofização, que pode oferecer perigo aos peixes e outras vidas que temos lá”, afirmou. Ele acrescentou que a Sema estuda medidas como a aeração mecânica e outras técnicas para reduzir o fosfato.
Ainda que não existam elementos científicos consistentes, a situação pode representar riscos à vida aquática existente no local, incluindo peixes e outras espécies, o que acende o alerta da Prefeitura. A indicação inicial, antes de qualquer ação oficial do poder público, é para que as pessoas sejam cuidadosas e evitem utilizar o lago para tomar banho, praticar esportes, pescar ou realizar outras atividades que envolvam contato direto com a superfície de água.
No entanto, de forma preventiva, a Prefeitura estudará a adoção de intervenções que sejam viáveis, financeira e operacionalmente, para aumentar a presença de oxigênio e diminuir a incidência de fosfato no lago. O secretário municipal do Ambiente, Gilmar Domingues, informou que as ações poderão combinar remoções mecânicas de matérias, técnicas de aeração (inserção de oxigênio) e também de precipitação química.
O professor do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da UTFPR, Orlando Carvalho Júnior, afirmou que o índice de qualidade da água apresentou excesso de fosfato em setembro. “O indicativo que quantificamos até o momento é que o fenômeno foi ocasionado por excesso de fosfato, que pode ter vindo de diferentes fontes, como o lançamento indevido de influentes ou o próprio desprendimento do fósforo no sedimento dos lagos. O cenário exige atenção, claro, mas não é caso de alarmismo, e o monitoramento terá sequência”, sugeriu.
Outro docente do mesmo curso da UTFPR, no departamento Acadêmico Ambiental, Rodrigo Torres, ressaltou que a densidade deste organismo expandido foi o que mais chamou atenção. “Trata-se de um organismo naturalmente presente nos corpos d’água, é parte dessa comunidade biológica. Vamos realizar testes de toxicidade deste organismo para saber se há evidências que sugiram um comportamento tóxico nocivo ou não. Não é algo alarmante, mas é importante que a sociedade tenha conhecimento. Tem pessoas que usam o lago para nadar, andar de jet ski, praticar caiaque ou pescar, então indicamos, nesse primeiro momento, que todos sejam mais precavidos até que a Sema tenha uma sinalização efetiva na conduta de controle da situação”, comentou.
O professor Jorge Martins reforçou que diferentes fatores ambientais, como estiagem prolongada, altas temperaturas e nutrientes presentes no lago, podem ter contribuído para o fenômeno. “São vários fatores que precisamos cruzar para entender o fenômeno atual”, disse.
Domingues acrescentou que a Sema também observará processos desenvolvidos por outros municípios que já vivenciaram problemas semelhantes. “Não temos ainda condições de mencionar quais alternativas serão praticadas, nem valores de intervenções ou formas de licitação, mas agiremos para que as soluções iniciais cabíveis ocorram o mais rápido possível”, frisou.
Enquanto não há resultados conclusivos, a recomendação das autoridades é que a população evite contato direto com as águas do Igapó.
Redação Tem Londrina com NCom