‘Há 30 anos meu pai poderia ter enterrado o Leandro?’, questiona irmão
Irmão de Leandro Bossi questiona novas informações sobre o caso e critica falta de detalhes aos familiares.
Um dos irmãos de Leandro Bossi, menino que desapareceu 1992 no Paraná e foi confirmado como morto nesta sexta-feira (10), questionou a falta de detalhes do anúncio feito pela Secretaria de Segurança Pública (SESP) do Governo do Paraná. Ainda nesta sexta, Lucas Bossi concedeu entrevista a diversos veículos de imprensa e mostrou a indignação da família com o caso.
Até agora, a família não sabe onde foi encontrada a ossada analisada pelo governo. De acordo com a SESP, o material humano teve resultado positivo após ser comparada com material genético da mãe de Leandro.
Lucas disse que a única informação que teve acesso é a de que um exame de DNA teria sido realizado em ossada encontrada em 1993, um ano após o desaparecimento. Na época, segundo ele, a família recebeu a reposta de que a ossada era de um corpo de menina. O caso teve grande repercussão.
De acordo com Lucas, a família não recebeu nenhuma informação detalhada sobre o caso. “Fiquei confuso por eles não saberem apontar se a ossada que bateu com o DNA era aquela ossada encontrada lá [em 1993]. E eu acho que eles nos deviam essa comprovação […] Foi feito um exame de DNA na época, na ossada, e foi dado uma certa certeza de que era menina. Existem essas questões de certeza no exame de DNA. A minha pergunta é o que me impediria agora de desacreditar este exame de DNA?”, questionou Lucas durante entrevista ao portal G1.
O secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita, afirmou que a confirmação de identidade do menino aconteceu a partir do envio de oito amostras de ossadas a uma análise minuciosa. No entanto, o governo não detalhou a origem, nem mesmo a data das análises.
Lucas ainda contestou outras questões não abordadas pelo governo na coletiva, como quem matou e em quais circunstâncias a morte ocorreu. “O sentimento é de privação da verdade. E parece que agora é pior ainda, porque agora vamos ser condicionados a acreditar que ele está morto. Mas agora alguém vai nos auxiliar pra tentar descobrir o que aconteceu? […] Agora se eles afirmam que Leandro Bossi está morto, a minha pergunta vai perdurar, custe o que custar, é quem matou”, disse indignado o irmão.
“Então há 30 anos meu pai poderia ter enterrado o Leandro? Ter tido outra vida, quem sabe… Todos nós poderíamos ter tido outras vidas. Tudo se dá a partir de alguma outra coisa. Eu acho que foi uma grande privação da verdade […] É bem complicado. Quando meu pai faleceu ano passado, inclusive, no atestado de óbito dele, consta que ele deixou o filho Leandro vivo. Isso já é uma burocracia para a gente agora começar a lidar com isso”, completou o rapaz na entrevista.
João Bossi, pai do menino Leandro morreu em abril de 2021, aos 67 anos. Ele nunca deixou de procurar pelo filho e tinha a esperança de encontrá-lo vivo.
O que disse a SESP
A identificação é resultado da integração entre as forças de segurança e aconteceu após a coleta das amostras de fragmentos armazenados na Polícia Científica e o confronto com o DNA de familiares do menino. Em outro trabalho similar, o Estado identificou, em 2019, o autor do crime contra a menina Rachel Genofre.
Essa resolução é fruto do trabalho do banco genético do Estado, que integra a Campanha Nacional de Coleta de DNA de Pessoas Vivas Sem Identificação, do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O andamento dos procedimentos contou com o apoio do Ministério e da perícia da Polícia Federal.
“É um trabalho que tem avançado com mais celeridade nos últimos anos. A integração das forças de segurança e o trabalho em parceria com a União, além dos avanços tecnológicos, estão ajudando o Estado a responder casos complexos e que demandavam resposta”, disse o secretário de Segurança Pública, Wagner Mesquita.
Redação Tem com G1