Médicos brasileiros recusaram 63% das vagas destinadas ao SUS

Em alguns municípios, segundo dados do Ministério da Saúde, salários chegariam à R$15 mil por mês

Conseguir um emprego público é algo cobiçado no Brasil, os interessados enfrentam filas, submetem-se a provas concorridas e, quando aprovados, contam os dias para a convocação. Porém, esse ritual não tem se aplicado a uma carreira em especial: a de médico. Nesse caso, a recusa em assumir um emprego oferecido por prefeituras ou governos estaduais chega a 63% dos aprovados em concurso público.

Os maiores índices estão justamente nas grandes capitais — São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio de Janeiro — e no Distrito Federal.

Dois em cada três médicos que foram convocados nos últimos anos para trabalhar em unidades das prefeituras de São Paulo e Belo Horizonte recusaram o emprego. Na capital paulista, por exemplo, dos 1.275 médicos chamados, 809 (63,5%) não quiseram o cargo. Na capital mineira, o índice é parecido, 63,3%. No Rio e em Porto Alegre, os números são menores, mas ainda assim representam mais da metade dos selecionados — respectivamente, 55,3% e 58,8%.

Fonte: Estudo divulgado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo e Secretarias de Saúde (2015)

Vagas ociosas como estas, normalmente são preenchidas com o programa ‘Mais Médicos’ do Governo Federal, que visa a distribuição de vagas em áreas remotas do país à profissionais brasileiros e também estrangeiros, como cubanos e europeus. No caso de Cuba, o governo brasileiro possui um contrato com o governo cubano para a convocação dos médicos.

Segundo dados do Governo Federal de 2013, à época, concursos com a participação de médicos brasileiros foram esvaziados mesmo com salários chegando à 15 mil reais por mês. Conforme mostra o gráfico de um estudo divulgado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo, 63% dos médicos brasileiros que prestaram concursos, recusaram a vaga.

Médicos cubanos

De acordo com dados do Ministério da Saúde, desde que o programa foi colocado em prática, há cinco anos, pelo governo de Dilma Rousseff, cerca de 20 mil médicos cubanos trataram 113 milhões de pacientes no Brasil.

Londrina

Em Londrina, o número de médicos brasileiros do programa ‘Mais Médicos’ é maior que o de estrangeiros. No total, chegam a 28 profissionais convocados pelo programa, destes, 10 são cubanos e 18 brasileiros.

Redação Tem com informações do CRM-SP