Por que negligenciamos a depressão? Psicanalista comenta sobre o tema

A tristeza é muito mal vista hoje em dia, o que é um terrível engano - alerta psicanalista de Londrina

Yasmin, do Programa do Raul Gil, foi encontrada morta e sofria de depressão – Foto: Reprodução/SBT

A morte da jovem Yasmin Gabrielle, de apenas 17 anos, reacendeu a discussão sobre o quanto negligenciamos a depressão e outros males da mente. Quando sentimos alguma dor física ou temos alguma doença diagnosticada, logo recorremos a medicamentos e tratamentos que nos ajudem a superar. No entanto, quando se trata dos males da mente, o mesmo não acontece.

O psicanalista Sylvio do Amaral Schreiner, de Londrina, diz que, infelizmente, a tristeza é muito mal vista hoje em dia e até encarada como sinal de fracasso, o que se trata de um terrível engano.

“Há uma exigência para que estejamos alegres todo o tempo, como se isso sim fosse sucesso. Porém, sentir tristeza e se deparar com aquilo que nos deixa para baixo faz parte da vida e é saudável e necessário para que a gente aprenda a crescer”, explica.

O psicanalista esclarece que a depressão é patológica, como um luto que não pode ser elaborado.

“A pessoa fica com ódio da realidade e fecha-se em si mesma”, afirma. Schreiner explica que a elaboração de qualquer perda é dolorosa e quem sofre de depressão tem muito medo da dor mental, por isso evita sentir qualquer coisa que lhe traga desprazer. “A consequência é a pessoa preferir ficar paralisada, porque acredita que assim não sofrerá ou que poderá controlar o sofrimento. Porém, o sofrimento vem de qualquer jeito e acaba se tornando um sofrimento estéril, que não leva a nada”.

Enfrentamento

O psicanalista esclarece que nunca podemos nos esquivar do nosso mundo interno. Quanto mais evitamos aquilo que é nosso, do nosso mundo mental, mais caro pagamos para viver. “Quando fingimos que não precisamos nos responsabilizar pelo nosso mundo interno mais esse mesmo mundo psíquico nos cobra”, diz.

“Já ouvi um sem número de pessoas que queriam resolver suas angústias apenas mudando de emprego, de cidade, de parceiro amoroso, de casa, e por aí vai. Queriam uma mudança externa e esperavam que esta levasse a uma mudança interna. Mas isto não ocorre. Se não encaramos nosso estranho mundo interno não adianta para onde iremos, porque esse mundo interno, com todos os seus conteúdos, estará sempre nos encontrando”, finaliza.

Redação Tem com Assessoria



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