- Jornalismo
- 30 de outubro de 2025
Programa da Saúde zera fila de espera por cirurgias de varizes em Londrina
Fila Zero reduziu intervalo de espera de quatro anos para 90 dias, afirma secretária.

A Prefeitura de Londrina apresentou, nesta semana, os resultados do Programa Municipal Fila Zero, instituído pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Entre os vários procedimentos e consultas ofertados na rede municipal, muitos deles tiveram as filas de espera zeradas, como é o caso das cirurgias de varizes. Quase 4 mil pacientes aguardavam por consultas com angiologistas, médicos especializados no sistema circulatório e, de janeiro a agosto, foram efetuadas 1.777 cirurgias de varizes pela rede pública.
A apresentação ocorreu no Hospital Vascular, que é uma das entidades credenciadas junto ao Município para efetuar esses procedimentos, com a presença do prefeito Tiago Amaral (PSD) e da secretária municipal de Saúde, Vivian Feijó. Só nessa unidade, foram computadas 1.274 cirurgias até o mês de outubro, sem contar as consultas para avaliação com o angiologista.

Dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) indicam que as varizes, que são uma alteração funcional da circulação venosa, são bem mais prevalentes entre a população feminina. Também contribuem para o desenvolvimento de varizes a idade avançada, predisposição familiar, obesidade e número de gestações. Entre as opções de tratamento, que são indicadas conforme o caso, estão as cirurgias, medicamentos e prática de exercícios físicos.
Um dos pacientes atendidos pelo Hospital Vascular foi o senhor Luiz Vicente Verillo, que passou pela cirurgia na manhã desta quarta-feira (29). Aos 74 anos, ele foi chamado para a cirurgia justamente no dia do seu aniversário, após três anos e meio de espera. “Primeiro tentei no particular, mas era muito caro e entrei na fila da rede pública. Foi um presente e fiquei muito feliz, até porque tenho Parkinson e as pernas, às vezes, ficam doloridas e travam. Agora espero que a circulação vá melhorar”, comentou.
O levantamento da Secretaria Municipal de Saúde mostra que, no início do ano, 3.848 usuários estavam à espera de consulta com angiologista. Para zerar essa fila, foram investidos R$ 3.711.486,44, até agosto, oriundos do Fundo de Ações Estratégicas e Compensações, do Ministério da Saúde. Além do Hospital Vascular, também são credenciados ao Município para consulta e cirurgia de varizes, seja ela unilateral ou bilateral, o Hospital Universitário da UEL, Hospital Evangélico e a Irmandade Santa Casa de Londrina; mais os Hospitais Zona Sul e Zona Norte, pelo Programa Opera Paraná.
Com essa iniciativa da Prefeitura de Londrina, a fila de espera foi zerada em agosto.
Agora, todo paciente encaminhado para angiologista, após ser atendido em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), tem sua consulta agendada para o mesmo mês da solicitação. Antes, o tempo médio de espera chegava a cerca de quatro anos.
“Podemos dizer que zeramos a fila de espera para a cirurgia de varizes, com o trabalho que fizemos em parceria com o Hospital Vascular e com as outras estruturas, mas em especial aqui o procedimento que estava sendo realizado. Hoje estamos realizando cirurgia a laser, que reduz o tempo de espera das pessoas, reduz o pós-cirúrgico, melhora o tempo para resposta e a qualidade de vida. A chance de recuperação também, sem nenhum tipo de consequência, é muito maior, os impactos são muito positivos”, disse o prefeito londrinense.
De acordo com o diretor administrativo do Hospital Vascular, Rodrigo Gomes, muitos pacientes ainda têm receio de fazer a cirurgia de varizes, mesmo com todos os transtornos causados por essa condição, devido ao longo período de repouso exigido nos procedimentos tradicionais. “A cirurgia de varizes tem um estigma de que o paciente tem que ficar muito tempo de repouso. Hoje em dia, é praticamente inviável ficar quinze, trinta dias deitado. As cirurgias aqui são feitas de acordo com a recomendação das principais sociedades mundiais, americana, europeia e brasileira, que recomendam tratamento com laser. Então, a gente conseguiu, através do empenho do Município, ofertar esse tratamento. Da mesma forma que é feito no paciente particular, para o nosso paciente do SUS, e é assim que tem que ser. Conseguimos oferecer essas 1.274 cirurgias de uma maneira minimamente invasiva, com alta tecnologia, utilizando toda a expertise aqui do hospital”, enfatizou.
O médico destacou que, embora os casos de varizes surjam principalmente a partir dos 40 anos, muitos dos pacientes encaminhados pela SMS para o Hospital Vascular estavam na faixa etária dos 60 a 80 anos, devido ao longo tempo de espera pelos atendimentos. “Postergar esse tratamento significa aumentar as chances de complicações, então a gente se esforçou pra tratar todos os pacientes. Mais de 120 pacientes tinham mais de 80 anos, e só uma estrutura dedicada consegue oferecer esse tipo de tratamento. Muitas vezes o paciente tem outras comorbidades, problemas cardíacos, e você tem que ter uma equipe focada pra conseguir resolver”, complementou.
Gomes acrescentou ainda que, ao todo, a unidade registrou cerca de 7 mil consultas, mas nem todos os casos necessitaram do procedimento cirúrgico. “A gente pode utilizar a aplicação de espuma para tratar varizes também. E, às vezes, só um tratamento clínico, uma orientação de meia (de compressão), de atividade física. Então, se você tem varizes, procure o posto de saúde mais próximo da tua casa. Fale se você tem problema de circulação, se está preocupado com a tua circulação ou com varizes, e se for identificado vai ser encaminhado”, orientou.
A secretária municipal de Saúde, Vivian Feijó, ressaltou que um dos objetivos da atual administração era de justamente “zerar” as filas de espera nas mais variadas especialidades médicas. “E a cirurgia vascular era uma delas. Vejo isso como algo muito positivo, porque é um momento onde o Executivo encontra não só os credenciados SUS, mas também a rede suplementar colaborando com o atendimento dos munícipes da nossa cidade. E esse é o objetivo do nosso trabalho, trazer respostas mais rápidas e eficientes, com atendimentos humanizados e de qualidade para a população”, enfatizou.
Prevenção à Trombose
O evento desta quarta-feira (29) marca também a Semana Mundial da Trombose, em que são promovidas ações para prevenir essa condição. “Para cada 100 pacientes que se internam para um tratamento clínico, 1% acaba desenvolvendo trombose. Muitas vezes você vai para o hospital fazer um tratamento de saúde e, devido ao fato de ficar acamado, acaba tendo uma trombose venosa. Saber identificar esses pacientes que estão em risco é o objetivo dessa campanha. E alertar sobre a possibilidade, porque depois que já tem a trombose sempre é mais difícil o tratamento”, frisou o médico Rodrigo Gomes.
Causada pela formação de um coágulo sanguíneo, que bloqueia o fluxo do sangue causando inchaço e dor, a trombose é classificada como venosa, quando ocorre nas veias, ou arterial, nas artérias. São fatores de risco a idade avançada, tabagismo, colesterol elevado, traumatismos ou cirurgias; e, no caso da trombose venosa profunda, o paciente têm ainda mais riscos de sofrer embolia pulmonar.
Como parte das ações da Semana Mundial da Trombose, o Hospital Vascular irá doar ao Município a realização de 100 check-ups vasculares, totalmente gratuitos, para identificar pacientes que podem estar em risco de desenvolver uma trombose. “O check-up vascular é uma avaliação simples dos pacientes que podem estar em risco de trombose. Provavelmente, faremos uma estratificação de qual paciente que se encaixa para esse exame. Geralmente são pacientes acima de 60 anos com algum fator de risco, como pressão alta, diabetes, colesterol e consumo de cigarro. Se tem qualquer um desses fatores de risco, a gente vai abrir uma agenda e esse paciente será avaliado e fazer os exames, que é o ultrassom, aqui na nossa estrutura”, finalizou o diretor administrativo do Hospital Vascular.
Redação Tem Londrina com NCom



