App: Crianças e adolescentes em contato com conteúdos violentos

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Em reportagem veiculada neste domingo (30), no Fantástico, mostrou que crianças e adolescentes estão sendo expostos a conteúdos que incentivam a automutilação, crueldade contra animais e até pedofilia no aplicativo de mensagens Discord.

A plataforma permite que as pessoas se comuniquem em transmissões ao vivo e está no centro das discussões sobre a liberdade de atuação das empresas de redes sociais.

Os repórteres da TV Globo tiveram acesso ao vídeo de uma menina que corta a si mesma e exibe a outras pessoas — essas, por sua vez, vibram com os ferimentos.

Outro caso diz respeito a uma adolescente de 13 anos, que aparece em uma transmissão ateando fogo em um gato. Toda a casa foi incendiada após o ato. A jovem postou imagens da residência no aplicativo com o seguinte comentário: “botei fogo na casa. Daora”. Segundo o Fantástico, 16 mil pessoas faziam parte da comunidade onde eram exibidas as cenas do gato pegando fogo.

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De acordo com a reportagem, as meninas são as principais vítimas de agressores que participam do app. Eles passam a incentivar as menores a aceitarem desafios violentos, inclusive sexuais. Quando a vítima fica assustada, as pessoas fazem mais ameaças por meio do aplicativo.

Segundo especialistas ouvidos pelo Fantástico, os adolescentes, ao participarem do Discord, sentem-se pertencentes e encorajados a sentir ódio e a ter atos violentos de forma anônima. No entanto, apesar de utilizarem o aplicativo, cenas, imagens e textos também vazam para outras redes como Twitter, conforme mostrou a reportagem.

Nos Estados Unidos, o software é visto como um habitat natural para os renegados online. Com sede em San Francisco, foi criado em 2015 principalmente como uma plataforma para que os jogadores online interagissem, mas acabou se transformando em uma alternativa para os usuários desencantados com as redes sociais mais tradicionais, como Facebook, Instagram e Twitter.

Discord permite que as comunidades configurem os chamados “servidores”: espaços virtuais onde os usuários podem conversar, compartilhar arquivos de mídia e se conectar com outros usuários com os quais há interesses similares.

“Existe um milhão de microcosmos no mundo das redes sociais que são assim. Discord é o habitat para rebeldes e nerds que abraçam esse tipo de sentimento contrário à corrente dominante”, afirma Jason Davis, professor da Universidade de Syracuse.

Para extremistas e nerds

A rede social já esteve no olho do furacão por seu papel nos incidentes em torno de uma convenção de direita em Charlottesville, (Virgínia), em 2017, quando um supremacista branco atropelou a multidão que protestava contra o evento e deixou uma pessoa morta.

O FBI encontrou conversas no Discord nas quais um líder supremacista branco parecia incentivar a violência no evento, e a Discord disse depois que proibiu os servidores que promoviam a ideologia neonazista.

A empresa também foi acusada de ser utilizada para o compartilhamento de pornografia infantil. O atrativo desta rede é que não há nenhuma entidade central que exerça controle total, disse Michael Daniel, diretor-executivo da Cyber Threat Alliance (CTA), uma organização sem fins lucrativos que busca melhorar a cibersegurança do mundo digital global.

Daniel destacou que não há ninguém responsável por verificar a identidade do usuário, o que torna esses fóruns ideais para pessoas que desejam publicar informação na internet de forma anônima.

Um porta-voz da Discord informou à AFP que a segurança de seus usuários é a prioridade da plataforma e que qualquer conteúdo que viole suas regras poderia resultar na exclusão do infrator, no fechamento dos grupos de discussão e em uma denúncia às autoridades.

A companhia também disse que está cooperando com as forças da ordem a respeito do vazamento de documentos classificados.

Redação Tem Londrina com GHZ e Globo