Governo ignorou oferta de 160 milhões de vacinas em julho, diz Butantan

Proposta foi reiterada em agosto, outubro e dezembro, todas sem resposta. Segundo o Butantan, 60 milhões de doses já teriam sido entregues em 2020.

Foto: Gilson Abreu/AEN

O Ministério da Saúde ignorou uma oferta feita em julho do ano passado para o fornecimento de 160 milhões de doses da Coronavac, vacina contra covid-19, afirmou o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas. O imunizante é desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o instituto brasileiro, sendo hoje, a principal vacina utilizada no Programa Nacional de Imunização (PNI).

Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, Covas disse que a oferta foi reiterada nos meses de agosto, outubro e dezembro novamente sem resposta por parte da pasta. Ele também apresentou os documentos que compravam os pedidos.

“Vamos colocar a responsabilidade em quem tem responsabilidade. Estão aqui os ofícios que foram encaminhados ao Ministério da Saúde ofertando vacinas. O primeiro em 30 de julho de 2020. Ofertamos nessa oportunidade 60 milhões de doses de vacinas prontas para entrega ainda em 2020 e 100 milhões para serem entregues em 2021. Não tivemos resposta”, disse Covas enquanto mostrava uma apresentação com a imagem dos ofícios.

“Fizemos novos ofícios com o mesmo teor em agosto, em outubro e em dezembro. Não tivemos resposta. A resposta saiu com a assinatura do contrato no dia 7 de janeiro”, acrescentou.

O contrato assinado entre o Butantan e o Ministério em janeiro prevê a entrega de 46 milhões de doses da Coronavac até abril, com a opção, exercida pela pasta em fevereiro, de mais 54 milhões de doses da vacina.

A declaração de Covas foi uma resposta à manifestação na véspera do secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, que atribuiu ao Butantan o atraso na entrega de doses da vacina aos Estados e municípios.

Covas reiterou que o Butantan já entregou 9,8 milhões de doses da Coronavac ao PNI do Ministério da Saúde e que, além da Coronavac, há apenas 2 milhões de doses importadas prontas da vacina da AstraZeneca com a Universidade de Oxford no PNI.

Atraso no insumo

Ele disse que o envase da vacina pelo Butantan foi atrasado pela demora na chegada do insumo farmacêutico ativo (IFA) vindo da China, que deveria ter chegado em janeiro, mas acabou chegando somente no início de fevereiro, o que impactou as entregas previstas para este mês.

Foto: Reprodução

O atraso na chegada do IFA, de acordo com Covas, aconteceu devido aos problemas diplomáticos do governo do presidente Jair Bolsonaro com a China e à demora na decisão do ministério de adquirir doses da Coronavac.

Ele disse ainda que o Butantan iniciará na terça-feira a entrega escalonada de mais 3,4 milhões de doses e que já tem IFA para totalizar a entrega de 27,1 milhões de doses da vacina até o final de março.

A partir daí, o Butantan depende da importação de mais IFA para chegar a 46 milhões de doses entregues até o final de abril e a 100 milhões de doses até agosto.

O Ministério da Saúde não comentou as declarações do presidente do Butantan.

Redação Tem



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