Londrina: a meta é proibir a felicidade?

Precisamos sobreviver e viver.

Imagem: Reprodução/Matheus Cenali

Londrina tem se transformado na cidade da amargura. Se em um período da curta história, nossa amada cidade já foi reconhecida como inovadora, jovem, universitária e de “braços abertos”, atualmente tem se tornado um dos locais mais chatos para se viver. E quando dizemos viver, é no sentido mais profundo da palavra: viver, existir, e não apenas sobreviver.

É óbvio que para viver nós precisamos sobreviver. Necessitamos trabalhar, pagar contas, ter responsabilidade e seriedade com a sociedade. Mas a vida não é somente isso. A vida também é convivência, é reunião, é prazer, alegria, felicidade, para se viver é necessário se emocionar, sorrir, chorar, cuidar, tendo a consciência do equilíbrio entre a razão e a emoção. Faz parte da nossa essência enquanto humanos. Buscamos viver mesmo diante à dura realidade diária que nos obriga a querer apenas sobreviver. Tentar viver, também é resistir.

Carnaval de Londrina – Imagem: Museu Histórico

No passado, sem tantas modernidades, a Londrina conservadora e tradicional, da década de 50, 60, 70 parecia muito mais avançada ao seu tempo, do que a Londrina de hoje, cheia de universitários, mas que deixou de ser uma cidade universitária. A Londrina cheia de jovens, mas que, infelizmente, contam os dias para deixar a nossa terra. A Londrina cheia de vida que precisa se esconder.

Por trás de exigências do poder público, por trás de propostas e regras — que apesar de muito importantes para o bom convívio — também escondem, infelizmente, uma tentativa de proibir a convivência, a alegria e a felicidade.

Carnaval de Londrina – Imagem: Museu Histórico

No caso recente sobre o cancelamento do principal show do Carnaval de Londrina, faltando menos de três dias para a maior festa cultural do Brasil, não que as exigências por segurança e higiene atrapalhem, pelo contrário, todo londrinense merece ser feliz sem ter riscos à saúde e à integridade física. No entanto, o que se observa, é que atualmente as ações pouco visam fortalecer a existência do convívio, a possibilidade de construir pontes ou manter o equilíbrio entre sobreviver e viver.

A impressão que é a tentativa de vários setores locais é simplesmente proibir.

Proíbe, proíbe e proíbe. É assim que a quarta cidade do Sul do País, está perdendo cada vez mais espaço. É assim que também perde cada vez mais cidadãos e, num futuro não muito distante, correndo o risco de se tornar tão irrelevante, que a cidade um dia pujante, do hino “que a Pátria enriquece” e o “encanto oferece”, terá poucos encantos a oferecer.

Redação Tem Londrina