PM acusado de matar Marielle deixou rastros no histórico de buscas na internet
Polícia encontrou dados de suspeitos armazenados na nuvem
Lessa fez pesquisas na internet sobre os locais que Marielle frequentava e também sobre a submetralhadora MP5, que, segundo a investigação, pode ter sido usada no crime. Além disso, o PM reformado pesquisou informações sobre o então interventor na segurança pública do Rio, o general Braga Netto.
O suspeito também vinha fazendo buscas na internet pelo então deputado estadual e hoje deputado federal Marcelo Freixo, do mesmo partido de Marielle, o Psol. Em dezembro, a Polícia Civil do Rio de Janeiro interceptou um plano para matar o deputado.
Outras provas do envolvimento de Lessa no crime foram encontradas em arquivos que ele armazenava na nuvem. Ele utilizava um celular comprado com o CPF de outra pessoa, segundo as investigações. O suspeito trocava de celulares para despistar os registros de geolocalização armazenadas por antenas de telefonia do Rio.
Na nuvem
Com falta de outras provas materiais, a Divisão de Homicídios rastreou todos os números de telefone que se conectaram a antenas de telefonia que ficavam nas áreas por onde o carro de Marielle passou na noite de 14 de março de 2018, desde a saída da Câmara Municipal até o local onde ela foi assassinada.
No meio desse caminho, uma câmera de segurança flagrou o momento exato em que uma tela de celular se acendeu dentro do carro que seguia Marielle desde a Rua dos Inválidos, no centro do Rio, e de onde, minutos depois, o assassino atiraria contra a vereadora. A partir daí, a polícia tinha o exato local e horário em que o telefone usado pelos assassinos se conectou a uma antena da região.
Com essa informação, os policiais fizeram uma triagem dos números de telefone obtidos pelas operadoras e chegaram ao telefone suspeito de ter sido usado pelos assassinos dentro do carro. Com uma ordem judicial, a polícia teve acesso aos dados de Lessa armazenados na nuvem pelos aplicativos que o PM usava no aparelho.
As autoridades não confirmaram, mas é possível que os dados foram obtidos juntamente ao próprio Google, que armazena dados de buscas e histórico de atividades em dispositivos que usam o sistema operacional Android. Procurado pela imprensa, o Google disse apenas que “não comenta casos específicos”.
O outro preso na madrugada desta terça é Élcio Vieira de Queiroz, ex-policial militar acusado de dirigir o carro de onde Lessa atiraria contra o carro de Marielle, matando a parlamentar e seu motorista. Cada um foi preso na respectiva casa, na capital fluminense.
Além dos dados digitais, a polícia se baseou também em depoimentos de suspeitos de envolvimento para efetuar as prisões. A ação da polícia foi batizada de Operação Lume, em referência a uma praça no Centro do Rio, conhecida como Buraco do Lume, onde Marielle desenvolvia um projeto chamado Lume Feminista.
Redação Tem com Olhar Digital