‘Falar só em leitos é jogar a culpa nos profissionais de saúde’, diz médico

"Distanciamento, álcool gel ou sabão, e máscaras, são nossos verdadeiros aliados nessa guerra", diz infectologista.

Imagem: Reprodução/HU

Prestes a completar um ano desde o anúncio das primeiras medidas de enfrentamento à pandemia de covid-19, o Governo do Paraná informou nesta quarta-feira (03) que ao longo da pandemia abriu 3.616 leitos exclusivos para pacientes com casos confirmados ou suspeitos da doença. Este, segundo o estado, é o número de leitos ativos até a manhã desta quarta-feira (03), o maior desde o início da pandemia. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) ainda prevê a abertura de mais 155 em operação nas próximas semanas.

O número de leitos de UTI abertos no período é superior ao que foi criado nos últimos 20 anos no estado. Instalada gradualmente, a estrutura já foi utilizada por cerca de 55 mil pessoas que foram hospitalizadas para tratar das complicações da covid, afirma a Sesa.

Apesar da grande quantidade de leitos criados, a medida segue insuficiente, já que não há colaboração da população no respeito às medidas de prevenção, além de poucas ações efetivas por parte dos governos federais, estaduais e municipais na conscientização da população, ou mesmo medidas mais rígidas que tentem segurar o avanço do vírus.

“Essa, é a demonstração que apenas a criação de novos leitos, como desejam alguns, não resolve o problema. Mesmo com o número máximo de leitos abertos, eles continuam ficando lotados. É importante sim, mas a população precisa entender que apenas o distanciamento social, álcool gel ou sabão, e máscaras, são nossos verdadeiros aliados nessa guerra. Eles ajudam a deixar o vírus longe. Já a solução do problema, só a vacina”, diz o médico infectologista Francisco Sanchez.

“Querem o que? Leitos infinitos? Isso não existe, não tem como”, afirma o especialista. “Quem defende isso está jogando toda a responsabilidade, ou melhor, a irresponsabilidade da pandemia nas costas dos profissionais de saúde, que já estão exaustos e desgastados. É uma forma de sobrecarregar o sistema e transferir a culpa para quem está dia após dia enfrentando o coronavírus na linha de frente”, completa.

Imagem: Reprodução/AEN

O Governo do Estado aponta ter destinado R$ 163,2 milhões na ampliação da rede hospitalar nas 22 Regionais de Saúde, com incremento de leitos em hospitais públicos e particulares que atendem pelo Sistema Únicos de Saúde (SUS). Mesmo assim, o próprio governador Ratinho Junior (PSD) garante que a condição não é infinita. “Os recursos são finitos. Os profissionais de saúde trabalharam de maneira árdua ao longo do último ano, está cada vez mais difícil para as equipes da linha de frente”.

“Desde os primeiros casos, tivemos a estratégia de ampliar o atendimento regional e disponibilizamos leitos para todo o estado. Apostamos em melhorar o que já existia e não abrimos hospitais de campanha, que custam muito e acabam não sendo incorporados à estrutura de saúde”, diz o governador.

Só em 2021, o Paraná teve um incremento de 630 leitos, quase metade deles ativada na última semana. São 251 leitos de UTI e 379 de enfermaria.

O Paraná já começou 2021 com sinal de alerta ligado e atravessa atualmente o período mais crítico da pandemia. Até esta quarta-feira, cerca de 700 paranaenses aguardam por um leito de UTI.

Redação Tem



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