Cliente que provocou morte por recusar máscara pede soltura alegando ser do grupo de risco da covid-19
Justiça negou pedido e decretou prisão preventiva.
A juíza Debora Cassiano Redmond, titular da Vara Criminal de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, decretou a prisão preventiva de Danir Garbossa, 58 anos. Ela atendeu ao pedido do promotor de justiça Josilmar de Souza Oliveira, titular da 3º Promotoria Criminal de Araucária. Com isso, o empresário deverá ficar preso até o fim das investigações da morte.
Danir é o homem que causou toda a confusão que resultou na morte de Sandra Maria Aparecida Ribeiro, de 45 anos, na última terça-feira, 28 de abril, após se recusar a colocar uma máscara para entrar no Hipermercado Condor. A utilização de máscaras era uma recomendação que estava sendo adotada pelo supermercado por conta do pandemia de coronavírus.
Mesmo com os funcionários do mercado oferecendo ao cliente gratuitamente uma máscara, ele se recusou. Na sequência teria xingado o fiscal com palavras de baixo calão e depois deu-lhe um soco no rosto. Já no interior da loja, Danir foi abordado pelo segurança do estabelecimento e, após xingá-lo, teria concordado em deixar o local. Porém, um pouco antes de chegar a porta de saída, partiu para cima do vigilante, desferindo murros e tentando apanhar sua arma. O segurança então, em meio a luta corporal que travava com o empresário, teria disparado um primeiro tiro que acertou o pescoço do autor da confusão, em seguida, houve um segundo disparo, que acertou a região do tórax da funcionária.
Entre as justificativas para pedir que a prisão em flagrante de Danir fosse convertida em preventiva, o Ministério Público (MP-PR) pontuou que autorizar que ele responda ao processo em liberdade é dar-lhe a sensação de impunidade, aumentando o sentimento de temor e desvalia à comunidade araucariense.
“Os fatos ora analisados produziram grande repercussão, trazendo bastante indignação à sociedade, que assistiu, na tarde do dia 28 de abril de 2020, uma cena completamente desproporcional e inconsequente, onde Sandra perdeu sua vida simplesmente porque Danir se viu no direito de não usar uma máscara de proteção no momento em que vivemos uma pandemia de escala mundial”.
Em sua decisão, a magistrada escreveu manter Danir preso preventivamente traz “benefício à instrução criminal, vez que sua soltura no presente momento processual poderá fragilizar o depoimento das vítimas, na medida em que podem sentir temor em relatar os fatos em toda sua riqueza de detalhes, o que, sem dúvida, prejudicará sobremaneira a instrução do processo”.
A defesa pediu a liberação do empresário alegando que o cliente tem idade avançada e pertence ao grupo de risco do coronavírus, assim não poderia ficar preso. A juíza não aceitou a alegação.
A magistrada sacramenta a decisão ressaltando que estão presentes os requisitos para conversão da prisão em flagrante em preventiva. Ela cita o “completo menosprezo com as regras básicas de convivência em sociedade.”
O segurança Wilhan Pinheiro Soares, de 27 anos, que portava a arma de onde saiu o disparo, foi liberado nesta quinta-feira (28) após o pagamento de fiança no valor de R$ 10 mil. Ele irá responder pelo crime em liberdade.
O vigilante e a vítima fatal eram amigos.
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Redação Tem