47% dos pacientes de estudo da UEL apresentam sequelas pós-covid

Trabalho premiado no Paraná, fez levantamento sobre limitações funcionais de pacientes pós-covid, com média de idades entre 28 e 45 anos.

Imagem: Reprodução

O trabalho “Qualidade de vida e persistência de sintomas após seis meses da infecção por SARS-Cov 2” desenvolvido por estudantes e professores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e premiado no 6º Prêmio Inova Saúde Paraná, analisou o desenvolvimento de sintomas persistentes da covid-19 em 88 pacientes leves nos seis meses após a infecção. As análises ocorrem desde outubro de 2020.

A partir da coleta de informações por um formulário, enviado por WhatsApp, os estudantes coletaram os principais sintomas evidenciados pós-covid. Foram entrevistados pacientes de 28 a 45 anos (média de idade de 34 anos), sem doenças crônicas ou problemas de saúde anteriores, com 58 participantes do sexo feminino (65%).

Limitações funcionais leves

De acordo com a coordenadora do projeto e professora do Departamento de Fisioterapia da UEL, Celita Salmaso Trelha, após seis meses, 42 (47%) pacientes relataram sentirem os seguintes sintomas persistentes: fadiga (26,1%), desânimo (13,6%), dor de cabeça (12,5%), irritabilidade (12,5%), dor no corpo (10,2%), perda de olfato (10,2%) e perda de paladar (9,1%). “Boa parte dos pacientes relatou problemas leves e somente 8,5% deles foram hospitalizados. É importante lembrar, também, que esses sintomas não podem ser derivados de outras condições, pois pacientes jovens não costumam ter problemas crônicos”, afirma Celita.

Do total de 88 pacientes, 37 deles (42,4%) relataram problemas leves ou muito leves. Em relação à qualidade de vida, 32 deles (36,4%) afirmaram sentir dores ou mal estar e 46 (52%), sintomas de ansiedade e depressão. Quanto aos últimos, Celita é cautelosa. “Ainda não é possível afirmar que eles têm um quadro de ansiedade ou depressão. Diagnosticamos os sintomas persistentes, mas é necessário avaliar com psicólogo”, explica.

Além de Celita, escreveram o trabalho as professoras Larissa Laskovski Dal Molin, Michelle Moreira Abujamra Fillis e Josiane Marques Felcar e as estudantes Laura Gozzo Oliveira e Anna Carolina Pereira Lawin. Além de participar da premiação, o grupo também ministrou dois minicursos durante o Prêmio Inova Saúde: “Avaliação clínico funcional de pacientes pós-covid-19 na atenção primária” e “Reabilitação no paciente pós-covid-19”.

Doença multissistêmica

Segundo Celita, a pesquisa evidencia alguns problemas que poderão se agigantar no futuro em relação à covid-19: por ser uma doença multissistêmica — ou seja, que ataca vários sistemas do corpo humano —, a recuperação tende a ser mais complicada. “É uma doença que exige reabilitação com fisioterapeuta, educador físico, psicólogo, entre outros profissionais. Ainda há uma série de sintomas menos frequentes que não entraram no escopo”.

O reflexo do pós-covid pode prejudicar, também, os sistemas de atendimento. Além de sobrecarregar as UTIs e enfermarias com os infectados, os locais de tratamento pós-infecção tendem a sofrer um aumento de pacientes por conta da reabilitação lenta e gradual. “Com o tempo, podemos observar esse aumento nas clínicas de fisioterapia e de muitas outras especialidades”.

Redação Tem com Agência UEL



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