Pesquisa da UEL compara sistemas de cultivo do tomate

A fase final do estudo prevê uma avaliação da qualidade nutricional e físico-química e a análise sensorial dos frutos – Foto: Agência/UEL

No início do segundo semestre, pesquisadores do Laboratório de Ecofisiologia e Biotecnologia Agrícola (LEBA), do Centro de Ciências Agrárias da UEL, pretendem concluir estudo que avalia o efeito do sistema de cultivo na qualidade físico-química, nutricional e sensorial do tomate.

Atualmente os principais sistemas de cultivo incluem o sistema convencional, realizado a campo com aplicações de insumos agrícolas durante todo o cultivo; sistema orgânico, sem qualquer adição de agrotóxicos; e o cultivo hightech, conduzido em estufa automatizada, com alta tecnologia e uso mínimo de insumos. Na prática a pesquisa joga luz em questionamentos comuns do consumidor, que demonstra cada vez mais simpatia por produtos saudáveis e com melhor preço. O estudo pretende desvendar a influência do sistema produtivo na qualidade do produto final.

O tomate é uma das hortaliças mais consumidas no cotidiano, presente na mesa do brasileiro em forma de molho, condimento ou in natura. No Paraná, o tomate ocupa o quarto lugar no ranking da olericultura, respondendo pela fatia de 8% no volume. A hortaliça, entretanto, segundo o Deral (Departamento de Economia Rural), da Seab (Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná), lidera juntamente com a batata, a disputa no quesito remuneração ao produtor.

No LEBA, a equipe de pesquisadores estuda a variedade Grazzianni de tomate italiano, predominante no comércio de hortaliças do Paraná. O experimento conta também com apoio do produtor Alexandre Turquino, de Londrina, e de técnicos da Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), responsáveis pelo acompanhamento e orientação aos produtores rurais que participam da pesquisa, localizados nos municípios de São Jerônimo da Serra, Uraí e São Sebastião da Amoreira, todos no norte do estado.

Na última semana de maio os pesquisadores coordenaram a fase final do estudo que prevê uma avaliação da qualidade nutricional e físico-química e a análise sensorial dos frutos. Segundo a professora Maria Paula Barion Alves Nunes, do Departamento de Agronomia, nesta etapa, aproximadamente 120 consumidores fizeram avaliações do tomate a partir de três amostras não identificadas, que representam os diferentes sistemas de plantios.  

O sistema de cultivo tem demonstrado influência direta tanto na aparência quanto na qualidade do tomate, o que acaba impactando o preço e a avaliação do consumidor 

Todos os avaliadores foram convidados a responder um questionário apontando detalhes relacionados ao sabor, aparência, cor, aroma e textura do tomate, como também a preferência e intenção de compra. Ainda nesta etapa participaram estudantes e professores do curso de Gastronomia da Unifil (Centro Universitário Filadélfia), que igualmente analisaram as amostras. Nesse caso, interessa aos pesquisadores saber a percepção dos chefs sobre as características de cada um dos três tomates cultivados de forma distinta.

Sistema produtivo

De acordo com a professora Maria Paula, o sistema de cultivo tem demonstrado influência direta tanto na aparência quanto na qualidade do tomate, o que acaba impactando o preço e a avaliação do consumidor. O técnico da Emater, Felipe Alves Spagnuolo, que atua na região de Cornélio Procópio (que compreende os três municípios citados), explica que a percepção do mercado é importante para ditar o valor final do produto. Em geral o produto orgânico, por exemplo, custa 30% a mais que o fruto produzido em sistema convencional.

O técnico ressalta que a procura por hortaliças orgânicas cresce cerca de 30% ao ano. Embora este mercado ainda represente um nicho a ser explorado, o produtor consegue comercializar com boa remuneração, dado o baixo volume de orgânicos encontrados.

O professor Leandro Simões Azeredo Gonçalves, também do Departamento de Agronomia, e Leonel Vinícius Constantino, do Departamento de Estatística, acreditam que o estudo poderá também contribuir para a valorização da agricultura familiar, com investimento em sistemas eficazes e agroecológicos de cultivo. No caso do produto orgânico, o consumidor decide pelo consumo convencido do fato de que se trata de um alimento seguro, livre de insumos químicos que prejudicam a saúde e o meio ambiente. De acordo com os professores, uma segunda etapa da pesquisa prevê o desenvolvimento de uma cultivar de tomate adaptada a este sistema, que atenda às necessidades dos produtores, obedecendo a características deste tipo de cultivo. Atualmente os agricultores utilizam a mesma variedade desenvolvida para o sistema convencional, modificando apenas os tratos culturais.

Redação Tem com Agência UEL



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