Londrina: Observatório relembra vítimas de feminicídios em 2024
Filha, companheiras e ex-sogra.
Londrina registrou cinco casos de feminicídio em 2024, de acordo com apontamento do Observatório de Feminicídios de Londrina (Néias). Quatro deles, ocorreram nos dois últimos meses do ano, ceifando a vida de mulheres adultas e até de uma criança, pelo fato de serem mulheres.
No início de 2024, o feminicídio da empresária e cabeleireira Cláudia da Luz Maceu comoveu Londrina. Seu então companheiro, Arthur Henrique Rockenbach, autor do crime, após matá-la a facadas enquanto dormia, tentou atear fogo na casa, mas não teve sucesso. Rockenbach disse à polícia que matou Cláudia “por ciúmes”. Ele foi denunciado por feminicídio com as qualificadoras motivo torpe, meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. Cláudia tinha 45 anos e deixou três filhos.
Nos dois últimos meses de 2024 a violência feminicida se intensificou na cidade.
A pequena Ayla Neres foi morta pelo próprio pai, Diego de Souza, no dia 23 de dezembro. Ele também atentou contra a mãe da criança, Cristina, que sobreviveu. Em depoimento, o feminicida afirmou que primeiro atirou na filha e depois na ex-companheira, que se fingiu de morta para que o ataque não continuasse. O criminoso foi indiciado por feminicídio contra Ayla, feminicídio tentado contra a ex-companheira, além de porte ilegal de arma e resistência à prisão.
Em 30 de novembro, outra mulher foi vitimada: Cibele de Assis Santos morreu após atentado a tiros do ex-genro, Diego Pereira Granada. Ele planejava matar a filha de Cibele, sua ex-companheira, mas a mãe interferiu na briga. Ela tinha 45 anos. Chegou a ser levada para o hospital, mas não resistiu. Diego deve responder por feminicídio e porte ilegal de arma, além de violação de medidas protetivas.
No dia 5 de dezembro, outro caso assustador: Renan Abra Pereira esfaqueou sua companheira, Dayane Rodrigues, de 35 anos, dentro de casa. Em depoimento, ele afirmou ter filmado a mulher já morta com o celular da própria vítima. O autor do feminicídio também cometeu uma tentativa de homicídio no mesmo dia, contra outro homem.
O casal tinha um filho de 10 anos que estava na escola no momento do atentado.
No último dia do ano, mais uma família dizimada pelo feminicídio. O corpo de Raphaelle Proferis, de 25 anos, foi encontrado no apartamento onde ela vivia com o então companheiro, Guilherme Sella. Raphaelle estava com o rosto desfigurado.
Guilherme foi preso pelo crime e indiciado por feminicídio e ocultação de cadáver, já que a polícia suspeita que ele tenha cometido o crime dias antes, em 26 de dezembro, e abandonado o corpo da jovem no apartamento fechado.
O Néias divulgou uma nota pública nesta semana, relembrando os casos de feminicídio cometidos no ano passado e reforçando a necessidade do fortalecimento de políticas públicas para as mulheres. Leia abaixo:
“Todas somos alvo: Filhas, ex-conviventes, companheiras. As variadas faces da violência feminicida se abateram sobre Londrina em 2024. Como mulheres, não podemos terminar relacionamentos em segurança, não podemos confiar em quem se deita ao nosso lado, sequer conseguimos garantir a segurança de quem amamos, como nossas filhas e mães. Clamamos por políticas públicas eficazes que consigam garantir nossa segurança e nos manter vivas. Nesse cenário de escalada da violência, nenhum retrocesso, como o fim da Secretaria de Políticas para as Mulheres, pode ser pensado. Com políticas públicas sólidas, ansiamos pelas mudanças culturais urgentes capazes de transformar a sociedade em um lugar seguro para meninas e mulheres”, escreveu a entidade.
✝️ Memorial
– Claudia da Luz Maceu – 07/2/2024
– Cibele de Assis Santos – 30/11/2024
– Dayane Rodrigues – 05/12/2024
– Ayla Neres – 23/112/2024
– Raphaelle Proferis – 31/12/2024
Redação Tem Londrina