Brasil ultrapassa 100 mil mortos por coronavírus

País atinge a maior tragédia de sua história – Foto: Reuters/Amanda Perobelli

Quase cinco meses após receber a covid-19, o Brasil passa a marca de 100 mil mortos pelo coronavírus neste sábado (08), segundo dados do Ministério da Saúde. Nunca antes, em nosso país, tantas pessoas morreram pelo mesmo motivo em tão pouco tempo, é a maior tragédia da história do nosso país.

Em quatro meses, o Brasil vivenciou o equivalente a 413 boates Kiss – que vitimou 242 jovens – ou a 33 atentados das Torres Gêmeas de Nova York, quando morreram quase 3 mil pessoas. Cem mil mortos equivale a varrer do mapa as cidades de Guaíba, Lajeado, Esteio ou Ijuí. Como se morressem, juntos, todos os porto-alegrenses que moram nos bairros Moinhos de Vento, Centro Histórico e Partenon.

Cem mil pessoas morreram sozinhas na cama de um hospital ou em casa. Eram pais e avós que criaram famílias, filhos, profissionais da saúde que salvaram vidas e agentes da segurança que protegiam a sociedade.

Morreram por coronavírus mais pessoas no Brasil do que no Sudeste Asiático, mais paranaenses do que os mortos em Portugal, mais londrinenses do que o total de vítimas da Coreia do Sul ou na Finlândia.

A primeira infecção foi reportada em 26 de fevereiro, e a primeira morte, em 12 de março. Foram necessários cerca de três meses e meio para o Brasil atingir 50 mil vítimas. Em Londrina, a primeira morte foi registrada no dia 03 de abril, de um paciente de 37 anos.

Uma vez atingida esta marca, em apenas um mês e meio o número dobrou para 100 mil vidas que partiram. Eis uma amostra do que é o crescimento exponencial.

A taxa de reprodução, que mede a velocidade de infecção, está em 1,11, segundo cálculo do grupo Covid Analytics, formado por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Na prática, cem contaminados infectam outros 111, o que demonstra que a epidemia segue em expansão. Recomendação do Imperial College, de Londres, é de que regiões apenas abram comércios com a taxa estiver abaixo de 1.

Mais de 70% das vítimas eram idosos ou tinham fator de risco. Olhe ao redor: há quase 30 milhões de velhinhos no Brasil e 36 milhões de adultos têm problemas cardíacos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Sociedade de Cardiologia de São Paulo.

Sul e Centro-Oeste

Com dimensão continental, o Brasil comporta várias epidemias regionais. Hoje, o coronavírus perde força no Sudeste, Norte e Nordeste, onde colapsou sistemas de saúde em abril e maio, e ganha potência no Sul e Centro-Oeste entre junho, julho e agosto.

Número de infecções cresce

A média móvel de novos contaminados por dia vem crescendo no país, passando de 38 mil na primeira semana de julho para para 43,1 mil na última semana – há, portanto, um aumento na velocidade das infecções.

Não há, contudo, reflexo no crescimento nas mortes, uma vez que a média de óbitos segue na casa de 1 mil. Entre as hipóteses, está a expansão da testagem – ou seja, aumentou o número de detectados em casos leves, que não chegariam ao hospital.

Localmente, São Paulo parece ter chegado a um alto platô e há debate sobre se Rio de Janeiro enfrenta uma segunda onda. O Paraná segue no pico de casos e mortes, e Londrina, registrou uma piora no quadro de casos confirmados nos últimos dias, além de atingir 72% de leitos ocupados pela primeira vez nesta pandemia.

Em cenário atual, Brasil teria quase 200 mil mortes em dezembro
Em um cenário hipotético no qual a realidade brasileira atual não fosse modificada – nenhuma flexibilização a mais ou a menos, nenhum surto isolado, nenhuma mudança na mobilidade –, o Brasil teria 192 mil mortes em 1º de dezembro, segundo cálculo do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME) da Universidade de Washington.

Também se fossem mantidas as condições atuais, em 15 de outubro o Brasil teria 4 milhões de casos e 131 mil mortes, segundo o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Projeções, contudo, não são previsões de futuro, mas análises sobre como a realidade seria caso ninguém tomasse nenhuma decisão, destacam analistas. Não há como abarcar as variáveis de bandeiras que imponham e retirem restrições semanais nem uma repentina cadeia de transmissão em uma cidade. Esse tipo de estudo serve para guiar gestores e autoridades a tomarem decisões.

Para além de Brasil, apenas Estados Unidos registraram mais de 100 mil vítimas nesta pandemia. No mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) registra mais de 700 mil mortes.

Redação Tem com GaúchaHZ



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