‘Fanático pelo Tubarão’: filho faz texto emocionante ao pai vítima da covid

Site Inumeráveis publicou homenagem feita pelo filho do servidor do HU, que faleceu em abril.

Elzo era funcionário do HU de Londrina – Foto: Arquivo pessoal

Todo o amor e carinho de uma família londrinense pelo ente querido perdido vítima da covid-19 transbordou e tomou conta das redes sociais nesta segunda-feira (29). A homenagem é para Elzo Kerson Ravanelli, de 59 anos, que faleceu na madrugada do dia 25 de abril, depois de uma luta intensa pela própria vida. O relato escrito a partir do testemunho do filho de Elzo, Elzo Ravanelli Neto, está no site “Inumeráveis”, espaço que se propõe a relembrar a vida das vítimas da covid-19 no Brasil, e é apresentado todo domingo no Fantástico, da rede Globo. O site foi criado para que nunca esqueçamos de que eles não só mais um número.

Em uma breve descrição da vida de Elzo, é possível perceber justamente isso: o quanto aquele homem viveu e cativou a todos a sua volta, deixando lições de vida importantes, construindo relações afetivas como marido, pai e avô. “Ensinou para o filho, nas pequenas lições do dia a dia, a importância de se estruturar uma família e de trabalhar com integridade. Ensinamentos que não se resumiam à teoria, pois era um exemplo de honestidade”, palavras escritas logo no começo da homenagem.

Outra grande paixão de Elzo era o Londrina Esporte Clube (LEC), o time do coração. Ele era o torcedor fiel que nunca abandonava o clube, nem nos piores momentos, que fazia questão de estar no estádio ou de usar a camisa do time onde quer que estivesse viajando: “(…) era uma forma de representar tamanho orgulho e paixão”, também é possível ler na homenagem. Em cada palavra do texto é possível sentir a saudade que Elzo deixou em toda a família.

Veja a publicação:

Servidor da Universidade Estadual de Londrina (UEL) há 29 anos, Elzo trabalhava no laboratório do Hospital Universitário (HU), fazendo parte dos profissionais da linha de frente do combate ao coronavírus.

A suspeita é de que ele tenha contraído o vírus no trabalho.

Leia o texto completo:

Dividia seu coração entre o Londrina Esporte Clube e a doce Luiza.

Elzão, como era conhecido pelos mais próximos, era um profissional da saúde, atuando no laboratório do Hospital Universitário de Londrina. Pai zeloso, amigo e companheiro, casado com Maria José.

Ensinou para o filho, nas pequenas lições do dia a dia, a importância de se estruturar uma família e de trabalhar com integridade. Ensinamentos que não se resumiam à teoria, pois era um exemplo de honestidade.

O filho herdou dele suas maiores paixões. Faziam cerveja artesanal juntos, Elzo sempre compartilhava seus saberes de laboratório durante o preparo. Encheu-se de orgulho quando viu seu pequeno ouvindo sua fita VHS do AC/DC.

O gosto musical era compartilhado, como no show dos Rolling Stones, onde ambos sentiram a mesma emoção aficionada pelo rock. Paixão que também estava presente em casa, quando reunidos, ouviam Led Zeppelin.

Seu amor pelo Londrina Esporte Clube nunca pôde ser medido. Estava lá, fosse nas melhores ou nas piores fases, como um bom torcedor. Jamais só, sempre ao lado dos amigos e do filho. Fazia questão de vestir a camisa do time por onde quer que estivesse viajando, era uma forma de representar tamanho orgulho e paixão. Vibrou com o acesso do Londrina à série B em 2015, nem a chuva ou o estádio lotado puderam apagar tamanha alegria.

Um homem de pouca demonstração de sentimentos, devido às marcas da vida.

Virava outro, quando sua netinha Luiza chegava, era o amor da sua vida, seu coração amolecia ao ouvir um “te amo vovô”. Demonstrava tamanho afeto, pessoalmente ou através de áudios, sempre dizendo “te amo, Luiza”. Disse isso, inclusive, como forma de despedida. Não havia outra frase que resumisse melhor o homem que foi.

Elzo nasceu em São Manoel (SP) e faleceu em Londrina (PR), aos 59 anos, vítima do novo coronavírus.

Redação Tem



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